Empreendedorismo & Activismo Social

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Goodbye 2013!

A poucos dias para o final do corrente ano, faço desta a minha última intervenção através deste espaço. Há três anos que criei este blogue, com o objectivo por um lado de partilhar a minha sensibilidade e visão sobre a vida social, económica e política do meu país (Moçambique), e por outro de garantir a minha própria aprendizagem contínua. E de lá para cá, a avaliação que faço é realmente positiva, tendo registado mudanças significativas a caminho da excelência. Gostava que fosse melhor que isto, porém o simples facto de tentar e de estar ainda caminhando, me deixa satisfeito, pois como dizia Martin Luther King, não precisamos ver toda a escada, apenas os próximos dois degraus.
E falando concretamente do ano prestes a terminar, há que reconhecer que como país, vivemos momentos bastantes turbulentos, desde desastres naturais, criminalidade, conflitos sociais e políticos cujos efeitos se fazem sentir até ao momento, com destaque para a actual tensão político militar, só para citar alguns dos problemas. Entretanto, há que admitir com muito orgulho o crescimento da cultura cívica e política do povo moçambicano, que usando diferentes meios de que dispõem com enfoque particular para as tecnologias de informação, se expressou nos diversos momentos pelos quais passamos, apesar das intimidações revelou-se firme e cada vez mais activo nos processos decisórios que lhe dizem respeito.
Com excepção daqueles em que nos encontrávamos em apoio as nossas selecções desportivas, assistimos neste 2013 a união de moçambicanos de diversas raças e classes sociais em busca do “bem comum”. Independentemente do alcance e dos resultados destas acções, valeram pela intenção, aliás, só não consegue efectivamente que tenta. Sabemos que estamos longe de atingir o ideal, contudo nenhum sonho é grande de mais, o Céu é o limite (B.I.G), continuemos a sonhar com um Moçambique livre da pobreza e verdadeiramente democrático, em que os investimentos se transformam em bens e serviços para todos, e que a camada juvenil hoje relegada a marginalização e ao desemprego possa conquistar seu espaço e contribuir para um país ainda melhor.
Basta de críticas e lamentações apenas, se o ano 2013 não foi de sucesso, não esperemos que 2014 seja diferente, sejamos nós diferentes, reforçando as nossas capacidades de luta e aprimorando qualitativamente as nossas visões em busca dos nossos objectivos, mas sobretudo acreditando, porque tudo na vida é possível.   
É realmente difícil aceitar, mas a caminhada para uma vida de sucesso é bastante longa e complexa, tendo consigo grandes obstáculos, pelo que somos todos chamados a levantarmos nem que seja para cairmos de novo, pois os benefícios valem o esforço, e aquilo que insistirmos em fazer tornar-se-á cada vez mais fácil, não pela alteração da sua forma natural, mas pelo aprimoramento das nossas capacidades em realiza-la.
Cada um de nós tem pelo menos uma oportunidade na vida para torna-se melhor e feliz, porém, difícil é saber quando, como e onde buscar. E portanto, quanto maior for a atenção e atitude da nossa parte maiores serão as chances de nos lograrmos vitoriosos.
Para tal comecemos desde já fazendo tudo que temos a fazer com perfeição, mesmo insignificante que seja, “Roma não se construiu num dia” e aceitando todas derrotas como etapas de aprendizagem rumo a excelência. Que o ano que se aproxima seja o melhor na vida de cada um de nós a todos níveis.


Desejo a todos moçambicanos do Rovuma ao Maputo, do Indico ao Zumbo e na diáspora, e de modo especial a minha amada família, aos meus queridos amigos e aos demais que têm me acompanhado neste espaço, um FELIZ NATAL e PRÓSPERO ANO.

Obrigado pela companhia e interacção, até 2014. Beijos e abraços a todos vocês.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

“Moçambique continua rumo a prosperidade e bem-estar”

Informe Geral do chefe do Estado moçambicano, Armando Guebuza

No informe sobre a situação geral da nação moçambicana apresentado hoje na Assembleia da República, pelo chefe do Estado, Armando Guebuza afirma que apesar dos ataques armados da RENAMO, o governo continua decidido rumo ao Moçambique próspero e de bem-estar. Guebuza começou a sua intervenção, por saudar as actividades legislativas da Assembleia da Republica, destacando a aprovação no corrente ano da Legislação Eleitoral, do Programa Económico Social (PES) e do Orçamento Geral do Estado (OE). E no segundo momento endereçou a sua solidariedade as vítimas do despenhamento da aeronave em solo namibiano no dia 29 de Novembro, pertencente a companhia nacional, LAM (Linhas Aéreas de Moçambique) e ao povo sul africano pelo desaparecimento físico do seu primeiro presidente negro, Nelson Mandela, ocorrido no passado dia cinco de Dezembro.
No concernente ao informe sobre a situação geral da nação moçambicana, o presidente da República, enfoca a Unidade Nacional, a PAZ e a Consolidação Democrática como protagonistas da luta contra a pobreza.
No primeiro ponto (Unidade Nacional), Guebuza defende este como o elo de ligação entre o “governo” e a nação moçambicana. Para ele, com a Unidade nacional, se tem um Moçambique, isto é, a Unidade Nacional é o cimento da moçambicanidade, pelo que os recursos naturais não podem de forma alguma colocarem em causa este facto e muito menos constituírem motivo de divisionismo, tendo por isso, reiterado o compromisso do governo em garantir a Unidade Nacional de diversas origens, raças e religiões, por meio de diversas acções desencadeadas, com destaque para a revalorização dos heróis nacionais, realização dos jogos desportivos escolares, que no seu dizer constituem fontes da auto-estima para o povo moçambicano. Através da Unidade Nacional, o país conta com quadros formados pelo sistema nacional de educação distribuídos por diversos pontos do país, com particular olhar aos distritos tidos como pólos de desenvolvimento, a exemplo do Projecto do Projecto Férias Desenvolvendo o Distrito (PFDD) desenvolvido pela Associação do Estudantes Finalistas Universitários de Moçambique (AEFUM), o que tem sido acompanhado pelo processo de descentralização e criação de novos distritos, assim como também infra-estruturação em diversos pontos do país.
No segundo ponto (PAZ), o chefe do Estado dá enfoque ao Acordo Geral da Paz (AGP) assinado a quatro de Outubro de 1992 em Roma, pondo fim ao conflito armado dos 16 anos, tendo afirmado que a única alternativa a Paz é própria Paz e esta é propriedade colectiva, não havendo por isso qualquer questão referente AGP que não seja de domínio ou acesso público, tendo reconhecido a existência de obstáculos na sua manutenção e consolidação, pelo que o Governo tem envidado esforços para um diálogo permanente, pois segundo ele com a Paz se tem mais funcionários colocados em diversas partes do país, mais infra-estruturas e mais atracão de investimentos.  
No terceiro ponto (consolidação da democracia), Armando Guebuza fala de realização de eleições regulares em Moçambique envolvendo diversas organizações partidárias. Segundo Guebuza, não há democracia sem se ser democrático “…não se pode alcançar democracia sem se acreditar nela…” tendo destacado o crescimento do espaço para pluralidade de ideias e do debate público em Moçambique, por meio da comunicação social e do desenvolvimento de tecnologias de informação a exemplo das redes sociais, que têm permitido maior participação política e acompanhando a estas acções, o envolvimento popular no recente processo eleitoral (recenseamento, campanhas e votação).   
Feita a descrição dos três itens acima mencionados, Guebuza faz uma relação simbiótica entre estes e o desenvolvimento social e económico, tendo falado de quatro desafios nomeadamente: Diversificação de mecanismos de diálogo, Imposição do Estado em todo espaço nacional, Garantia da tranquilidade pública em todo território e Redistribuição do rendimento.  
No concernente ao primeiro desafio (Diversificação de mecanismos de diálogo), o presidente da Republica fala da criação de espaços para um diálogo permanente tais como: seminários na Presidência da República e as presidências abertas, acções que têm permitido participação de todos no processo da governação em Moçambique. E neste contexto, decorre no Centro de conferências Joaquim Chissano em Maputo, o diálogo entre o governo e RENAMO, com vista a acabar com actual tensão política. Entretanto, pés embora, a urgência manifestada pela RENAMO para a realização deste diálogo, esta mesma tem atrasado por meio de imposição de pré condições para a sua continuidade, colocando em causa o objectivo geral que é de um diálogo de interesse colectivo. Guebuza, reiterou o compromisso do governo com a PAZ como alicerce da construção de uma nação próspera. “Não queremos a guerra e tudo faremos para garanti-la”, frisou o chefe do Estado.
No segundo desafio (Imposição do Estado em todo espaço nacional), Guebuza disse que enquanto decorriam no Centro de conferencias Joaquim Chissano, negociações entre o Governo e a RENAMO, alguns pontos na região central do país concretamente na província de Sofala, registavam ataques armados perpetrados pela RENAMO, o que obrigou as Forças Armadas de Moçambique, a aumentar o seu efectivo com o objectivo de garantir a segurança do Estado, tendo de seguida tomado Santugira e Marringue então bases da RENAMO. É imbuído pela lei da segurança do território moçambicano que o governo reitera o compromisso com a defesa e tranquilidade pública, que Armando Guebuza justifica os investimentos feitos na área de defesa e segurança.  
No terceiro desafio (Garantir a tranquilidade pública em todo território), Guebuza, fala de registo de índices de criminalidade no país, com destaque para sequestros e extorsão via telefónica, um novo fenómeno criminal que tem semeado terror e medo na sociedade moçambicana. E de forma a garantir a tranquilidade pública, o governo tem se empenhado desenvolvendo acções para a prevenção e combate ao crime em Moçambique, através da criação de espaços de debates públicos envolvendo as autoridades policiais e diferentes actores sociais, reforço das medidas disciplinares nas Forças de Segurança, Incremento da formação nas Forças de Segurança, construção e apetrechamento das instituições da segurança pública, envolvimento popular e criação de uma legislação da Polícia da Republica de Moçambique (PRM) como forma de adequar a polícia ao crescimento da sociedade moçambicana.    
No quarto e último desafio (Redistribuição de rendimento), o chefe do Estado deu a conhecer que o país tem registado um crescimento económico na ordem de 7% há mais de uma década e meia, contudo, a redistribuição da renda não poderá ser proporcional a sua mediatização social. Para Guebuza, a redistribuição é feita de acordo com as prioridades, destacando dois exemplos, a saber: 7 milhões e 2.5 milhões para a infra-estruturação dos distritos. Essas acções assumem um papel de grande importância permitindo o melhoramento dos serviços públicos e também garantem a PAZ, Unidade Nacional e Consolidação Democrática.
Redistribuir o rendimento, não tem em vista colocar dinheiro no bolso dos cidadãos, mas sim o empoderamento dos cidadãos a se tornarem protagonistas do desenvolvimento, rematou Guebuza.

Em forma de conclusão do seu informe, Armando Guebuza fala da política externa, endereçando agradecimentos aos diversos investidores estrangeiros em Moçambique, e lança um convite ao povo moçambicano a participar activamente em 2014 no Programa Económico Social e nas eleições gerais a realizarem-se em Outubro.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

“Nós te amamos, mas Deus te amou ainda mais!”

Hoje o continente africano e o mundo inteiro acordaram assombrados pela triste notícia da sua morte, Nelson Rolihlahla Mandela. A sua partida deixa sem dúvida alguma entre nós, uma grande e irreparável lacuna, no entanto, nos conforta saber que o Céu está prestes a ganhar mais anjo. Um anjo não apenas pelo facto de teres sido gerado a imagem e semelhança do “Criador”, mas sobretudo pelo extraordinário legado de liderança e de humanidade que deixas cá na terra, razão pela qual não temos dúvidas de que Deus te espera de braços abertos, pois, pés embora precisemos ainda de ti, entendemos que mereces um sossegado e eterno descanso.  
Neste momento de profunda dor, nos faltam palavras tanto de despedida como de enaltecimento do exemplo de vida que foste para milhares de pessoas, ao que conduzidos pela sua fé e coragem, temos esperança de uma África ainda melhor segundo a sua visão.
Muito obrigado Madiba, que o teu desaparecimento físico não seja necessariamente o cair do horizonte da África, mas sim o renascer e aprimoramento das ideias por ti deixadas… Descanse em Paz, Mandela.  

Nelson Mandela, nasceu a 18 de Julho de 1918 em Joanesburgo, África do Sul. Foi advogado, líder e presidente da África do Sul (1994 a 1999), é considerado o mais importante líder da África Negra, tendo ganho Prémio Nobel da Paz de 1993 e Pai da Pátria da moderna nação sul-africana.
Durante a sua vida, notabilizou pela sua dedicação a serviço da humanidade - como advogado dos direitos humanos e prisioneiro de consciência. E como forma de valorizar em todo o mundo a luta pela liberdade, pela justiça e pela democracia a data do seu nascimento é considerado “Dia Internacional Nelson Mandela”.



terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Carta à Deus pai todo-poderoso!

Editada (publicação: Clube dos Pequenos Escritores 02/10/2011)

…pai, não sei mesmo por onde começar, apenas certeza tenho de que que muitas são as inquietações que por dentro me afligem. Diferentemente, dos meus encontros diários consigo, em que geralmente lhe peço perdão pelos meus erros, força e protecção para mim e para minha família, desta vez decidi fazer algo talvez “anormal”, lhe reportar um pouco daquilo que estou a viver aqui na terra e por que não, pedir algumas explicações acerca “desta vida”. Estou ciente das consequências que isto pode me causar, pois, a sagrada bíblia diz que não podemos duvidar de Deus, nem questionar seus feitos, mas porque esta pequena carta, não é necessariamente sinónima de dúvida para com a sua pessoa, vou lhe então pedir algumas explicações sobre a nossa vida neste planeta denominado “terra”.
Passam hoje dois mil anos e alguma coisa, após o senhor ter enviado seu filho Jesus Cristo, com a missão de vir nos salvar. Missão comprida ou não, a verdade é que segundo a bíblia, ele sofreu e morreu por nós. A partida dele aos céus, por um lado criou muita dor e sofrimento, mas por outro, deixou um grande legado para os homens - os ensinamentos sobre o caminho da verdade e da vida, que de acordo com a sagrada escritura, nos levariam a salvação eterna.
Contudo, passado algum tempo e até ao presente momento, assistiu-se a construção de uma humanidade perigosa, imbuída de egoísmo e de muita futilidade. Uma humanidade de seres com prazer de criar sofrimento a outrem.
E se a bíblia defende que o homem foi criado a imagem e semelhança de Deus, e que todos os homens são iguais, porque é que há diferentes raças nos humanos? Porque alguns se acham mais importantes que outros? Até porque, determinadas cores de pele são associadas ao sofrimento, a pobreza, a fraqueza, ao desconhecimento, enfim, a toda indignidade e obscenidade que a ninguém merecem.
Como é que um humano como eu, de carne e osso, alma e espírito, vai me impor sua forma de vida, dizendo que é o protótipo a seguir? 

No meu entender, Deus criou o mundo e repartiu-o dando a cada um, de acordo com a “maldita” cor de pele o que merecia. Mas, aqui neste planeta, há quem se acha superior a todos, que se hoje decidir que o meu maravilhoso povo moçambicano, que enganosamente pensa que é soberano, deve sumir do mapa, em menos de horas, isto se efectiva. E mais engraçado meu Deus, é que estes indivíduos, dia pós dia, engajam-se aparentemente lutando pelo bem da humanidade, apresentado belíssimos projectos para educação, saúde, etc, mas em contrapartida, as doenças e os problemas que afectam os povos pobres nunca encontram solução.
É incrível que em algumas sociedades, quando alguém tem bens em abundância, se for funcionário estatal é chamado de corrupto, e se for empresário particular é traficante de drogas ou de órgãos humanos…será que ninguém pode enriquecer por um trabalho?
Oh Deus, é este o mundo que pretendia construir? De dominadores e dominados? De extrema desconfiança entre os seus seres? De serpentes maliciosas fingidas de heróis? Não será este um projecto falhado?
Se o caminho da verdade e da vida, está em nós memos, porque é que cada dia que passa, o mundo vai sendo poluído por "profetas" de diferentes confissões religiosas, mas que se dizem defender o mesmo fim - a salvação humana!
Neste momento que lhe escrevo esta carta, me encontro incerto de tudo e de todos, o perigo me rodeia por tudo que é lado e canto, desde a criminalidade, efemeridades, desastres humanos e naturais, entre muitas outras maldades que nem sei explicar. A incerteza vem até a mim, não só pelo perigo que minha vida corre a cada segundo que respiro, mas também porque, aqui na terra, apenas os mais fortes é que aparentemente se dão bem. Não imagina Deus, o número de suicídios pelo mundo inteiro… de pessoas que optam em tirar suas próprias vidas, por razões que só eles sabem, mas que com certeza não é por algo bom.
Já que a vida na terra, é significado de competição,… acho melhor parar por aqui, alias, pelo tempo que me dediquei lhe escrevendo, a carruagem já vai me deixando, para um destino que francamente o desconheço, apenas ciente de que um dia vou morrer. E dado que um dia deixarei este lugar definitivamente, as outras tantas questões que me apertam o peito e me dão insónia diariamente, irei lhe apresentar no dia do meu julgamento final.
…sem mais a acrescer, até breve meu pai todo-poderoso. Do seu filho “amado” Jorge Ofice.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Viva a Democracia em Moçambique!

Antes de mais, tenho a afirmar que o título não é da minha autoria, copiei-o de um comentário no facebook sobre as últimas eleições autárquicas.
Dois são os motivos por detrás da escolha deste título. Pés embora a actual tensão política e militar associada as ameaças do partido RENAMO em boicotar o processo eleitoral tendo por isso optado em não fazer parte, assistimos em todas as 53 autarquias a realização das quartas eleições, incluindo em Gorongoza, município que é parte da região palco de confrontos militares entre as Forças Armadas de Moçambique (FADM) e os antigos guerrilheiros da RENAMO, - primeiro motivo. Teoricamente, entendia-se que o sistema político desenhado com a aprovação constituição multipartidária de 1990, favorecia apenas aos dois maiores partidos (FRELIMO e RENAMO) deixando os demais numa posição marginal, pelo que com a não participação da RENAMO nestas eleições autárquicas, esperava-se maior espaço de acção e domínio da FRELIMO. Não obstante, ainda que preliminares, os resultados revelam um relativo “equilíbrio” na maioria dos municípios opondo principalmente a FRELIMO e o MDM (Movimento Democrático de Moçambique) – segundo motivo.
Tudo indica que o partido FRELIMO poderá gerir nos próximos cinco anos, 51 municípios do total de 53, no entanto, o MDM surge como o grande vencedor, que participando pela primeira vez nas eleições autárquicas a nível nacional, consegue se impor como um forte candidato a gestão destas mesmas autarquias, tendo não só se aproveitado da ausência da RENAMO, mas sobretudo se beneficiado de parte do eleitorado anteriormente pró FRELIMO, pelo menos se analisados os dados eleitorais desta competição em comparação com anteriores escrutínios eleitorais.    
E independentemente do nível de participação eleitoral registado, pode se dizer que o crescimento eleitoral do MDM, abre uma nova e diferente página na jovem democracia moçambicana. Arisco ainda afirmar que o voto atribuído ao Movimento Democrático de Moçambique é relativamente de qualidade que o da FRELIMO, partindo da concepção que defende escolha eleitoral como resultado de uma prévia avaliação do eleitor que por sua vez determina “o castigo” ou “o prémio” ao candidato, assim como também tendo em conta a perspectiva sociológica do voto que sempre determinou as escolhas eleitorais em Moçambique.
Naturalmente, o processo não esteve isento de problemas, com registo de irregularidades desde o próprio recenseamento eleitoral até respectiva votação. Entretanto, penso "eu" que sejam dificuldades "normais" de qualquer que seja processo competitivo, ainda mais se considerarmos as grandes deficiências institucionais que caracterizam o sistema político moçambicano. E dentre os aspectos negativos, há sim que destacar tristemente a violência verificada em algumas autarquias, durante as campanhas eleitorais e no dia da votação, em parte causada pela má actuação da Polícia da República de Moçambique (PRM), que mais uma vez revelou estar a serviço do governo do dia em detrimento da protecção e segurança pública, abrindo por isso espaço para intolerância política.

Para terminar, farei das minhas as palavras de algumas figuras da FRELIMO, que transformam seus habituais discursos de vitórias esmagadoras, retumbantes e convincentes por elogios cínicos ao partido MDM. Eu particularmente dou parabéns ao Movimento Democrático de Moçambique, por um lado pelo facto de ser apenas um partido político e não militar e por outro, pela coragem, força e acima de tudo pelo espírito de esperança que tem depositado na sociedade sobre o futuro da democracia moçambicana, razão pela qual considero o crescimento eleitoral do MDM não apenas vitória do partido, mas do povo moçambicano que passa a contar com mais uma arma política na luta contra a hegemonia partidária. Viva democracia em Moçambique!

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Ficará marcado para sempre!

O dia 31de Outubro de 2013 ficará para sempre marcado na vida dos moçambicanos. Neste dia realizou-se em Maputo e em algumas capitais provinciais, uma extraordinária manifestação já mais vista não só em Moçambique, mas a nível do continente africano. Com objectivo de por um lado, revelar o consensual descontentamento popular pela actual tensão política militar e onda de raptos no país e por outro, de criar pressão ao actual executivo e aos principais actores políticos a tomarem decisões com vista a resolver a triste situação que se vive, que já está semear terror, incerteza e perdas humanas, para além de danos materiais incalculáveis.
Movimentando em Maputo cerca de 30 mil participantes, maioritariamente membros de organizações da sociedade civil, religiosos e activistas sociais, esta manifestação marca não apenas o exercício de um direito constitucionalmente salvaguardado (Artigo 51 da Constituição da República, 2004), mas sobretudo o ponto mais alto de uma acção cívica democrática já mais registada em Moçambique.  
Infelizmente alguns actores políticos, enganosamente encaram a democracia como sendo apenas a realização de eleições multipartidárias e periódicas, pelo que confundem manifestação pacífica com actos de violência e de vandalismo, tendo por isso, o partido FRELIMO, através do seu porta-voz, um dia antes desencorajado a realização deste inédito e maravilhoso acto democrático. E independentemente dos resultados alcançados, para mim, o povo moçambicano conhecido no passado pelo seu pacifismo e medo, acresceu mais um dado a sua cultura cívica e política, factores importantes para o desenvolvimento de uma verdadeira democracia.   
Com este dado, sinto-me ainda feliz não só pelo nível de organização que caracterizou a manifestação, mas também pelo facto de já no meu último artigo, ter apelado uma acção popular bastante séria quando dizia: “…é chegada a hora de alguma reacção por parte do legítimo detentor do poder, o povo. Toda gente fala, mas faz absolutamente nada. Se realmente somos democráticos ou ao menos pretendemos ser, temos que agir, caso contrário o poço da miséria vai se aprofundar. Usemos e abusemos de todos meios legais que dispomos para exigirmos o que é digno de homens: Paz e Tranquilidade. Não deixemos que egoísmo e teimosia de algumas pessoas dêem rumo infeliz as nossas vidas”.
Encheu-me também de contente, presenciar actos de manifestação por meio das redes sociais, emails, blogues, que mais uma vez provaram o exercício de mais um direito consagrado na nossa constituição (artigo 48).
E infelizmente, o cenário negro ainda continua, com registos de ataques e confrontos diários na região centro do país envolvendo as Forças Armadas de Moçambique e supostos homens armados da RENAMO, para além da continuidade da onda dos raptos em Maputo. Contudo, espero que o actual fenómeno seja apenas uma tempestade e um obstáculo a ser ultrapassado com vista a tornar a PAZ moçambicana cada vez mais forte e estável. Espero ainda que a manifestação realizada na passada quinta feira, marque o início de acções cívicas e políticas como forma de salvar a jovem democracia moçambicana ameaçada pela hegemonia partidária da FRELIMO. 




segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Ai, meu país!

Qual seria a primeira impressão (pensamento ou sentimento) que cada um teria se lhe pedissem para falar em poucas palavras de Moçambique?
No dia 02 de Outubro de 2011, publiquei um texto no Clube dos Pequenos Escritores, que em forma de uma carta fazia algumas questões ao Deus todo-poderoso, sobre o actual estágio da vida humana. Entre muitos, motivou-me o factor incerteza sobre o futuro num contexto caracterizado essencialmente por uma crescente desigualdade e injustiça sociais a nível mundial. Obviamente não fi-lo esperando que Deus me desse uma resposta imediata, mas sim na esperança de independentemente do meu veredicto obtivesse alguma satisfação.
Entretanto, para a minha surpresa, com o meu crescimento que esperava que pudesse estar mais equipado com vista a enfrentar a vida com sucesso, mais vai se alargando e aprofundando a incerteza, sobretudo no meio em que vivo.
Não sei ao certo se eu é que me enganei, criando uma imagem ilusória sobre a realidade do meu país, mas a verdade é que a cada dia que passa esta pérola do Índico vai me presenteando espectáculos que já mais desejaria assistir, pés embora gratuitos.  
Por essas alturas, falar de Moçambique me pica o coração tristemente.
Mesmo imbuído pelas teorias positivistas me é bastante difícil pensar de tal forma, num cenário de tristeza, sofrimento, humilhação, ofensas e mentiras quanto este moçambicano.
Não passam quatro semanas após ter publicado um texto por ocasião da passagem de mais ano após os acordos de Roma, intitulado “21de Paz, 21 anos de incerteza!”, eis que a incerteza efectivamente se faz sentir, com ataques bélicos numa clara demonstração de instabilidade política e talvez de retorno a guerra, cujos principais actores “curiosamente” alegam todos eles defender o povo, porém no terreno o mesmo povo é a principal vítima. É realmente engraçado, até parece loucura!
No mesmo território, enquanto os dirigentes políticos vão entretendo populares com discursos de apelos a Paz, os seus subordinados vão semeando terror e miséria ao mesmo povo.
Dentre tantas características que um dirigente político deve possuir, a sensibilidade popular deve ser uma das principais, afinal de contas estamos a falar de um gestor público. Qual é a razão de alguns moçambicanos gozarem de mais liberdade e estabilidade que os outros? Qual foi a culpa das populações de Gorongoza para passarem por todo este sofrimento? Qual é o futuro daquelas crianças que foram forçadas a abandonar as carteiras da escola por som de armas?
Não basta a criminalidade (sequestros), a corrupção, as doenças, a prostituição, o desemprego que nos apunhalam por todos cantos do nosso quintal? Que democracia é esta feita de armas, perseguições, intimidasses e contra-críticas?
Pés embora considere a sociedade moçambicana bastante sensacionalista, porém perante a réplica e quase que consensual sentimento de descontentamento sobre a situação do país, não há dúvidas de que realmente alguma coisa não está boa!
E portanto é chegada a hora de alguma reacção por parte do legítimo detentor do poder, o povo. Toda gente fala, mas faz absolutamente nada. Se realmente somos democráticos ou ao menos pretendemos ser, temos que agir, caso contrário o poço da miséria vai se aprofundar.
Usemos e abusemos de todos meios legais que dispomos para exigirmos o que é digno de homens: Paz e Tranquilidade. Não deixemos que egoísmo e teimosia de algumas pessoas dêem rumo infeliz a uma maioria.
Que as tantas organizações da sociedade civil, partidos políticos e diferentes actores sociais sirvam e falem pelo povo ao menos uma vez. Que o medo e a chantagem sejam transformados em coragem e sentimento nacionalista de um Moçambique próspero e livre de política obscura.
Viva a Paz, viva povo moçambicano de Rovuma ao Maputo, do Índico ao Zumbo, viva liberdade e prosperidade.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

“Retalhos de uma vida” de Eunice Matavele

“Retalhos de uma vida” é a primeira obra literária da apresentadora e jornalista moçambicana Eunice Matavele, que fora nos últimos dois dias meu companheiro de cabeceira. Lançado no último mês de Setembro, o livro conta historias vividas pela autora como activista do HIV/SIDA e sobretudo como apresentadora e editora de um programa na Televisão de Moçambique, denominado “Defesa da vida” cujo objectivo era trazer contos, testemunhos, anseios e o dia-a-dia das pessoas infectadas e afectadas pela pandemia do HIV.    
Graficamente, Eunice traz nesta obra vivências e momentos diversificados por diferentes pontos desta pérola do Índico, com pessoas seropositivas e instituições vocacionadas a esta temática. Para além do conteúdo rico em volta deste “bebé” literário, algo mais me motiva a tecer estes comentários.  
Sempre achei a sociedade em que estou inserido imbuída de senso comum e bastante sensacionalista, razão pela qual boatos e fofocas encontram-na bom aconchego. Porém, confesso que não tinha a tamanha dimensão dos preconceitos que envolvem o nosso dia-a-dia nesta “pátria amada”.
Nas histórias contadas por Eunice Matavele, saber que ela fora socialmente considerada seropositiva pelo simples facto de apresentar um programa televisivo sobre SIDA, deixou-me completamente arrepiado e bastante incrédulo. Com esta obra, por um lado aprendi muito sobre o HIV, mas também por outro decepcionei-me com a minha sociedade, ao saber que os efeitos sociais são maiores que os da própria doença, deixando impressão de que ou as diversas organizações versadas a ela não estão a tomar conta do recado como deveriam, ou os moçambicanos continuam renitentes a mudança comportamental.  
É incrível que em pleno 2013, exista ainda confusão entre seropositivo e doente de SIDA, e que pessoas sejam julgadas serologicamente por simples aparências! Acho eu que os moçambicanos não entenderam ainda o quão é realístico o HIV no nosso país, alias a forma como este assunto é tratado nos diferentes fóruns sociais revela este facto.
Lembro de uma vez num transporte semi-colectivo, um dos passageiros que conversava com sua acompanhante em voz alta como é hábito, ter dito algo mais menos assim “… aquele tem SIDA…eh, você, SIDA mata…”. Ao ouvir aquilo, a primeira questão que me veio a cabeça foi: qual seria sentimento de um infectado que provavelmente estivesse por ai?
Por meio deste e outros episódios que tenho presenciado, percebo e concluo que algo devia ser mudado na nossa sociedade na forma como encaramos esta doença. Este comportamento menos digno por parte de algumas pessoas, justifica as desistências aos tratamentos ante-retrovirais, a auto-descriminação e consequente exclusão social quando as pessoas já estão infectadas, assim como também o pouco interesse e medo pelos testes voluntários.
Que comportamento se espera de um individuo que descobre que está infectado, mas que vivia descriminando e falando mal dos seropositivos?
Portanto, “Retalhos de uma vida” aparece num momento oportuno, é para mim uma obra educativa, e sendo a autora mestre em saúde pública, imaginem o quão rico este livro é! Pelo que é uma recomendação obrigatória a todos moçambicanos, e que façam dos seus ensinamentos o dia-a-dia de cada um rumo ao Moçambique livre da estigmatização.

Bem-haja Eunice Matavele.  
     

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Sonhei com Moçambique!

A noite anterior foi relativamente longa, me deitara por volta das oito, após uma diversificada jornada de “trabalho”. Estava realmente cansado, razão pela qual dormia como uma pedra atirada no fundo do mar. O silêncio da noite, a minha “morte” instantânea me fizeram sentir como um anjo durante um sonho que jamais me esquecerei. Sonhei com Moçambique!
Não que quis acreditar naquilo, mas era verdade. Moçambique era um país institucionalmente descentralizado, com autonomia política e económica por todos pontos, o que fazia das suas comunidades tão equilibradas e com orgulho das suas próprias origens. Naquele instante, caminhar pelas ruas de Mafala, Maxaquene e Polana Caniço durante a noite, era saudável, aliás, pés embora as suas especificidades não passavam de simples bairros assemelhados a Coop e Sommerschield. Pelos midias chegavam notícias de Hospitais quase que vazios, pois seus utentes moçambicanos respiravam de óptima saúde, fruto das boas condições de vida que possuíam motivadas por um satisfatório salário, que jamais me fizera ouvir falar de manifestações profissionais ou corrupção. Quis eu ser incrédulo, porém, a informação chegava até mim por meios de comunicação transparentes e acima de tudo comprometidas com a verdade.
A nível político, contávamos apenas com forças do poder público e o parlamento era extraordinariamente interessante, caracterizado por um real multipartidarismo, onde dos três partidos com assentos, nenhum era mais importante que outro, “importante” era sim o bem-estar dos seus reapresentados (Povo) proporcionando-os estabilidade e PAZ que ninguém jamais ousava em ameaça-la. O Gabinete Central de Combate a Corrupção, tinha se tornado num Centro de assistência marital.
Não passava pela cabeça de nenhum moçambicano, que o seu presidente fosse tão alérgico a críticas e que pudesse odiar as redes sociais, pelo contrário era um “tipo” bastante simpático e sempre aberto ao diálogo, e que de tanta humildade era o presidente mais “pobre” de África. Para ele, o povo é que tinha direito de acumular riquezas e não os seus dirigentes. Me fascinava ainda mais o seu estímulo e incentivo no uso de tecnologias de informação pelos jovens, razão pela qual o reconhecimento pela criatividade e talento em Moçambique era o nosso pão de cada dia.  
Éramos tão felizes, que o nacionalismo não era um mero discurso político, mas sim uma verdade evidente inclusive quando compartilhávamos sentimentos no apoio as nossas selecções desportivas, que nos brindavam com vitórias e troféus, resultado do seu empenho e compromisso com a bandeira nacional, sendo que por sua vez as autoridades desportivas, apoiavam a todos sem distinção de sexo, idade, raça, modalidade, etc.  
Naquela “pátria amada”, a fé em Deus não tinha preço, aliás, locais de cultos religiosos serviam apenas para buscar saúde espiritual e aprofundamento do auto e amor ao próximo, não deixando por isso espaço para ódio e competição religiosa. Fazer parte da Polícia da República de Moçambique, constituía uma tarefa bastante honrosa e respeitada caracterizada no seu exercício por zelo e responsabilidade, sendo que o polícia que se descuidasse e fizesse do seu uniforme uma ferramenta para extorquir e maltratar cidadãos indefesos, era punido exemplarmente.   

Entretanto, por volta das cinco e meia da manhã, o alarme como de sempre fez das suas, mas dessa vez de forma dolorosa. Depois de piscar o olho, não podia ouvir melhores notícias pelo meu pequeno rádio de cabeceira. “Criança raptada por desconhecidos na cidade da Matola; Treinador de nacionalidade portuguesa expulso do país, acusado de chamar os moçambicanos de ladrões; RENAMO ameaça inviabilizar as eleições autárquicas de Novembro próximo”; eram os destaques do dia que me reintegravam no Moçambique real. Pés embora, melancólico levantei-me com a mão no queixo e olhar para o teto, tirei um pequeno sorriso e agradeci a Deus pela noite… SONHEI COM MOÇAMBIQUE.  

terça-feira, 8 de outubro de 2013

“A estrela, luz da minha alma” de Clarisse Machanguana

“A estrela, luz da minha alma” é título da uma obra literária da autoria da basquetebolista moçambicana, Clarisse Machanguana, lançada ontem (07), em Maputo no espaço cultural da Universidade Politécnica. Sob chancela de Textos Editores, o livro teve a apresentação de Armando Artur, comentários de Lourenço do Rosário (reitor da Universidade Politécnica) e de Fernando Sumbana Júnior (Ministro da Juventude e Desportos).
A cerimónia contou ainda com a presença de diversas figuras entre académicos, artistas e desportistas com destaque para Nazir Salé, seleccionador Nacional de Basquete Feminino, que na sua intervenção disse que o lançamento da obra constituía um momento ímpar não só para autora, mais sobretudo para o povo moçambicano, e que a mesma devia servir de exemplo para a camada jovem.
De acordo com o apresentador da obra (Armando Artur), “A estrela, luz da minha alma” é por um lado uma terapia narrativa, na medida em que é uma interpretação da vida da autora, personagem principal e por outro, é um conjunto de histórias de vida, constituindo por isso, um relato exaustivo da Clarisse, sobre sua vida. É um livro que rebusca momentos familiares e individuais para interpretar a vida num contexto social, económico, cultural, etc., é ainda para apresentador, uma relíquia, fonte de ensinamentos, sendo que a estrela que a autora faz referência, não é necessariamente ela, mas o protótipo que cada um deve criar para iluminar seu próprio caminho em busca autodeterminação.
Segundo a autora, “A estrela, luz da minha alma” não é um conto de sucesso económico, nem de basquete sobre quantos pontos, prémios ela marcou/obteve, mas sim um conto sobre conquistas culturais de uma menina que decide atravessar fronteiras, raças, línguas, entre obstáculos e quedas em busca de determinação através do desporto.

Clarisse Machanguana, de 40 anos, retira-se do basquetebol, após uma longa e brilhante caminhada desportiva, tendo representado Moçambique durante 25 anos. Na sua internacionalização destaca-se a sua passagem pela Santarém (Portugal), San José – Califórnia, e Los Angeles, Charlote e Orlando - WNBA (Estados Unidos), Pamplona e Barcelona (Espanha), Tarbes e Montepellier (França), La Spezia, Roma, Napoli, Parma, Ragusa e Milão (Itália) e Seul (Coreia do Sul).

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

21 anos de PAZ, 21 anos de incerteza!

Celebramos hoje quatro de Outubro, 21 anos após a assinatura dos acordos de Paz, que tiveram lugar na capital italiana Roma, em 1992, entre o governo da FRELIMO e a RENAMO (então grupo de guerrilha).
Este acordo de Paz, deixa um grande marco na vida dos moçambicanos depois de 16 anos de conflito interno opondo os dois beligerantes acima mencionados, que para além de perdas humanas, teve profundas implicações na estruturara económica e social do país. Várias são as evidências consequentes deste dramático e triste período em Moçambique, desde intra-estruturas destruídas, emigrações forçadas, delinquências, etc., no entanto, no dia quatro de Outubro de 1992, importou ao povo moçambicano, a união entre as partes, com o cessar-fogo verificado e os olhos postos para frente com vista a reconstruir o país praticamente em ruínas, não tendo por isso interessado quem era o culpado, mas acima de tudo a estabilidade e a boa convivência entre os moçambicanos a todos níveis.
E a Paz não demorou dar frutos, tendo dois anos depois, Moçambique assistido as primeiras eleições multipartidárias, que por sua vez marcaram a abertura e construção de um novo panorama político, com fortes sinais de um regime democrático embora embrionário, mas bastante promissor com o surgimento de diversas formações políticas e organizações da sociedade civil, para além do renascimento económico e social.
Passados 10 anos após a assinatura dos acordos, a Paz continuava intacta e bastante longe de ser ameaçada, com um cenário político embora bipartidário, porém relativamente competitivo e plural, alias por volta dos anos 2000 as cessões parlamentares transmitidas pela televisão, atraiam maior audiência a nível da esfera social moçambicana, talvez até não tanto pelo interesse dos assuntos lá discutidos, mas sobretudo pelo cenário caracterizado por debate.
Entretanto, celebramos hoje 21 anos de Paz, como se nada tivesse acontecido, apesar das feridas eternas deixadas pela guerra dos 16 anos a milhares de moçambicanos. São hoje 21 anos de Paz, mas ao mesmo tempo 21 anos de profunda incerteza.
Moçambique regista neste momento um crescimento económico digno de realce, com investimentos de grande envergadura e uma infra-estruturação invejável em quase todos pontos do país. Contudo, a saúde de um sistema político, depende da interligação dos seus elementos, o que em Moçambique não está acontecendo, pelo que o sistema funciona como um electrodoméstico/aparelho completamente desnorteado.
Para além da incapacidade do actual executivo em transformar as mais-valias do crescimento económico em bens e serviços para o todo povo moçambicano, resultando no recrudescimento da pobreza urbana caracterizada essencialmente por altos índices de desemprego, criminalidade e falta de habitação, o país vive hoje momentos de incerteza no que diz respeito a estabilidade e segurança no seu todo. 21 anos de um ser humano, é sem dúvida uma vida, mas 21 anos de cessar-fogo/Paz é bastante pouco, mas muito pouco para ser ameaçada. Infelizmente já está acontecer em Moçambique, com suposto diálogo entre os dois maiores partidos moçambicanos, que se arrasta a mais três meses, com vista a resolver a actual tensão política que já criou vítimas mortais e danos incontáveis com o condicionalismo que se verifica na região de Muxungue, na província de Sofala.
É como muita tristeza que acompanhamos dirigentes falando de salvaguardar a Paz como o bem mais precioso dos moçambicanos, no entanto, na realidade assistimos por um lado, aquisição de novo material bélico, movimentação de militares de um lado para outro e perda de compatriotas em confrontos com militares da RENAMO, e por outro, uma polícia moçambicana cada vez mais violenta e arrogante com o seu próprio povo. Que tipo de Paz se pretende construir neste cenário?
Se quisermos esquematizar, diríamos: Independência - Conflito/Pobreza - Paz/Estabilidade - Pluralismo/Crescimento – Tensão Social e Política – Conflito
Será que falta no actual executivo sabedoria suficiente em accionar mecanismos estratégicos para ultrapassar a actual tensão e ao invés de um conflito alcançarmos prosperidade? Questiono porque efectivamente não tenho a resposta, mas certeza tenho de que a Paz não está de boa saúde e que Moçambique vive momentos conturbados e de bastante incerteza.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Adoro Escrever!

Sou fascinado pelo inventar, pelo senso imaginário e do pensar diferente. E por isso, admiro e mantenho um enorme e profundo respeito por todos escritores, independentemente da sua especialidade literária. Porém, este não é necessariamente o facto que me alimenta o gosto pela escrita. Simplesmente ADORO ESCREVER!
Não sei como isto começou, mas já desde adolescente que encontrei no rabiscar textos uma identidade para a minha pessoa. De lá ate então, concebo a escrita por um lado, como uma forma de me encontrar comigo mesmo, sobretudo nos momentos inconfortáveis e por outro, de descoberta do meu interior pelo exercício mental que permite acrescer a esfera do meu conhecimento.
Não me importa o quão semântico e gramaticalmente o que escrevo está, procuro apenas representar graficamente o que me vem à mente e na alma, aliás não possuo linhagem literária. As vezes, motivado por factos reais dentre pessoais e sociais, mas também por vezes pelo senso imaginário, lá vou eu somente escrevendo.
Aprecio textos publicados em jornais e revistas imprensas, mas cativam-me e interessam-me mais os electrónicos, pois garantem o processo da retroacção ou reacção imediata do leitor, permitindo não só enriquecer o assunto em causa, mas também interacção e dialogo entre os intervenientes.
Fico feliz ao saber que alguém leu meu texto, independentemente de concordar ou não, de correcto ou não, no que lá estiver escrito, somente me enche de contente saber que fiz algo visível ou talvez “apreciável”. E me entristeço quando não consigo escrever, me sinto parado no tempo e completamente inútil. Não almejo me tornar um grande escritor, porém mantenho comigo um sonho de publicar pelo menos uma obra literária.

E porque aquilo que persistimos em fazer, torna-se cada vez mais fácil, não pela alteração da sua forma natural, mas porque aumenta o nosso poder em realiza-la, nunca irei desistir, pois cada letra, cada palavra, cada frase, enfim …cada texto escrito para mim, é sempre uma obra, mas também acima de tudo uma aprendizagem rumo à excelência, meu objectivo final, razão pela qual digo: ADORO ESCREVER!

domingo, 1 de setembro de 2013

Bem-vindo “Setembro”

De acordo com a biblioteca livre Wikipedia, Setembro é o nono mês do ano no calendário gregoriano, tendo a duração de 30 dias. A denominação Setembro, provém da palavra latina septem (sete), dado que era o sétimo mês do calendário romano, que começava em Março.
Internacionalmente o mês é marcado pela passagem das seguintes efemérides: (03) dia da Herança Europeia do Conselho da Europa, (08) dia Internacional da Alfabetização e também dia da Solidariedade das Cidades Património mundial, (16) dia Internacional para a Preservação da Camada de Ozono, (22) de dia Europeu sem Carros, (24) dia Internacional da Imprensa e (27) dia Mundial do Turismo.
Cá entre nós, Setembro é um mês muito especial, marcado essencialmente por duas datas comemorativas, nomeadamente: 07, dia dos Acordos de Lusaka ou dia da vitória, e 25, dia das Forças Armadas de Moçambique.
Os Acordos de Lusaka tiveram lugar na cidade capital da Zâmbia (Lusaka) no dia 7 de Setembro de 1974, colocando a mesma mesa o Estado colonial português e a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), então movimento nacionalista.
Nestes acordos, o Estado português reconheceu formalmente o direito do povo moçambicano à independência, consequentemente a transferência da soberania que detinha sobre o território de Moçambique. Na mesma ocasião, foi acordado igualmente que a independência de Moçambique seria proclamada no dia 25 de Junho do ano seguinte (1975), coincidindo propositadamente com o aniversário da FRELIMO.
O 25 de Setembro é dia das Forças Armadas de Moçambique, em homenagem a luta de libertação nacional, ou seja a data marca o início em 1964 do conflito armado desencadeado pela FRELIMO contra o governo colonial português, em busca da independência do povo moçambicano. O mês de Setembro marca também o início da primavera austral no hemisfério sul, social e geralmente o início do período de férias para muitos.
Que este mês seja o maior e melhor de sempre…Bem-vindo Setembro.