Empreendedorismo & Activismo Social

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

“100 Escovadas Antes de Ir Para a Cama” da autoria de Melissa Panarello


“Cem escovadas antes de ir para a cama” é título de uma obra literária da autoria da Melissa Panarello, escritora erótica, natural da cidade italiana de Catânia – Sicília, que relata em forma de um diário, suas aventuras sexuais em busca de prazer e do verdadeiro amor qundo tinha 15 anos. 
Durante dois anos (6 de Julho de 2000 – 12 de Agosto de 2002), possuída pela sede de sentir se amada perfeitamente, Melissa, experimenta diferentes práticas sexuais, incluindo as menos convencionais, como sexo colectivo com desconhecidos e sadomasoquismo. Contudo, para sua grande decepção, conclui ilusoriamente que os homens não estão interessados na essência de uma mulher, nem são capazes de amar prescindindo da carne, e na sequência disso, passa a oferecer o próprio corpo a quem quer que o peça, na esperança de que alguém a possa amar de verdade, tendo finalmente caído num mundo completamente de trevas de pura humilhação e dor.
Publicado em 2003, o livro já vendeu mais de meio milhão de cópias na Itália, e teve seus direitos de tradução negociados em 24 países, assim como deu origem a um filme com mesmo título “Cem escovadas antes de ir para a cama”, porém desaprovado tanto pelos fãs, como pela própria Melissa.
Baixe e leia este triste, mas interessante diário que sem dúvida, alguma espelha a vida de muitos adolescentes e jovens espalhados pelo mundo inteiro. Baixe aqui:

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Porque sempre INVEJA?


Se de acordo com o académico e sociólogo Elísio Macamo, há coisas em Moçambique, que não adianta nos preocuparmos em entender, naturalmente há também fenómenos que pelo menos devem nos inquietar, sobretudo, no actual estado de profunda pobreza que nos caracteriza, pelo que, qualquer facto é sempre suspeito.
Não sei se é mesmo pela extrema miséria, mas estranha e incrivelmente, somos uma “sociedade” tão tensa e desconfiada, razão pela qual perdemos tempo nos preocupando mais com o que os outros pensam de nós do que com as nossas próprias vidas.    
Nas curtas caminhadas da minha vida, sou presenteado por um fenómeno aparentemente irrelevante, porém, com o teor profundamente significativo e perigoso, sobretudo numa sociedade quanto a nossa ainda em construção. Talvez porque os ínfimos traços desta mesma sociedade encontram-se mergulhados dentro de uma vida completamente comunitária, inclusive nas ditas zonas urbanas ou cidades se assim o preferirem, pelo que somos confortados sempre com o “Homem que sai do Gueto, mas sem necessariamente o Gueto sair dele”, só para parafrasear as palavras do cantor moçambicano do Panza, Ziqo numa das suas famosas músicas.
Por que é que nós moçambicanos damos maior atenção a INVEJA?
Eh! Evidencias disto não faltam, desde verbais a materiais. Por diversas vezes deparei me com frases escritas em auto-carros e em barracas, dizendo: “A sua inveja é a minha riqueza”, “Inveja, arma perigosa do pobre”, “Cuide da tua vida, que da minha cuido eu”, “Quanto mais me invejas, mais vou crescendo”, “A sua inveja é a razão do meu sucesso” entre outras idiotices do género.  
Será que os moçambicanos são realmente invejosos?
Curioso e lastimavelmente conheço gente que não visita as suas zonas de origem, por conta da famosa “INVEJA”, chegando a apontar questões supersticiosas como justificativa das atitudes pouco agradáveis. Sei e concordo que naturalmente o Homem seja egoísta, egocêntrico e invejoso. No entanto, quando este atinge o estágio de sociedade, ganha uma outra postura caracterizada de acordo com Del Vecchio, por relações mediante as quais vários indivíduos vivem e actuam solidariamente em ordem a formar uma entidade nova e superior. A partir desta concepção fica claro que na sociedade, o homem não vive isolado, pelo contrário precisa de forma jurídica e racional de se associar aos outros na luta tanto pelos interesses comuns, como pelos individuais.
Ao vivermos num ambiente social em que envocamos que o outro é sempre inimigo, estaremos a viver plenamente em sociedade?
A minha leitura sobre a realidade, força-me a dizer que não, aliás nos dias que se passam, o enfoque a INVEJA, como sendo um dos grandes obstáculos do fracasso de muitos dos moçambicanos, tem sido uma das estratégias usadas por algumas ceitas religiosas na angariação de “membros” para as suas comunidades religiosas em nome de evangelização.  
Bem! Quando digo fenómeno moçambicano, é em nome da Unidade Nacional, talvez isso não acontece na zona centro ou norte do país (nunca estive lá), no entanto o presidente Guebuza ensinou-me a olhar Moçambique como um todo e não regionalmente.
Pés embora não entenda, talvez devido a minha larga e severa ingenuidade, porém este fenómeno me inquieta profundamente, pois para além de constituir uma evidência clara de um estímulo a sentimentos invejosos entre os moçambicanos, é uma atitude que só promove tensão e uma vida especulativa e solitária, colocando-nos cada vez mais atrasados do que estamos.
Não nego que de facto, a INVEJA exista entre os homens, porém, a forma coma a mesma invocada no contexto moçambicano, deixa claro que ao pretendermos fazer alguma coisa, ao invés de pensarmos no sucesso, damos primeiro maior atenção ao que os outros negativamente dirão ou mesmo farão. Infelizmente, notamos também esta forma de pensar nos discursos dos nossos dirigentes políticos, por exemplo, quando o presidente Guebuza chama os críticos de “distraídos”. Para além de uma evidência clara de alergia a críticas, dá entender que essas pessoas estão “contra” e portanto com INVEJA. Estariam os moçambicanos contra o seu próprio desenvolvimento?
A minha curta experiência me diz que, fala de desporto quem gosta ou pratica desporto, fala de política quem gosta ou exerce a política, logo…então, para não parecer invejoso melhor é terminar por aqui.
“Palavras ditas não necessariamente verdades, portanto, não deixam de ser opiniões”

terça-feira, 13 de novembro de 2012

“Sonho em participar numa exposição de âmbito internacional”


Pés embora as dificuldades para expor suas obras nos eventos nacionais, Guivala, sonha em participar de uma exposição internacional. Com 21 anos de idade, Fernando Guivala é um artista plástico, nascido e residente na cidade de Maputo, formado em artes visuais pela Escola Nacional de Artes Visuais.    
Começa a pintar com 9 anos, quando frequentava a quinta classe, e entre as suas paixões encontra-se o desporto, especificamente o futebol, razão pela qual as suas obras retratam o panorama desportivo, tanto nacional como internacional, aliás segundo o artista, antes de descobrir o seu extraordinário talento pela arte, sonhava em ser um grande jogador de futebol.
Apesar do seu profundo e indiscutível amor pela arte plástica, Guivala, mostra-se infeliz com estado actual da arte em Moçambique, sendo que o maior problema para ele, cinge-se nas dificuldades em participar de exposições, por um lado devido ao número reduzido de eventos do género e por outro, pelo fraco interesse e falta de comprometimento das autoridades ligadas a arte no país.
“Sonho em participar numa exposição de âmbito internacional”, afirma Guivala, para quem os obstáculos no seu caminho artístico, são normais e portanto, vencidos pela sua paixão artística.

Um talento indiscutivel 





Gostou? Quer um quadro igual para si? Entre em contacto:

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Eu tenho um sonho


A 25 de Setembro de 1975, Moçambique conquistava a sua independência do governo colonial português. Logo após este marco na história do povo moçambicano, o país vive um momento difícil, caracterizado por uma pobreza extrema associado ao conflito armado interno que opunha o actual partido no poder, a FRELIMO e o maior partido da oposição a RENAMO, então grupo de guerrilha. Foi sem dúvida alguma, um período dramático na vida dos moçambicanos, que tanto precisavam de sossego e conforto, depois da longa e dolorosa colonização portuguesa. Após 16 anos de guerra civil, finalmente o país vive uma definitiva estabilidade, com a assinatura dos acordos de Paz em 1992, na capital italiana, Roma.
E volvidos hoje cerca de 37 anos de independência e 20 anos de Paz, Moçambique, é um país livre, estável e com sinais de um indiscutível franco desenvolvimento, por um lado, devido ao maior apoio em investimento que tem recebido por parte de organizações internacionais e por outro, pelo trabalho conjunto que o governo tem realizado com vista ao desenvolvimento sustentável e melhoria das condições de vida da população moçambicana.
Hoje o país conta com mais de 36 instituições de ensino superior, cujo objectivo é garantir a formação de profissionais em diversas áreas científicas, assim como também, regista um aumento significativo de investimentos externos de grande dimensão, que têm contribuído grandemente para o alívio da pobreza que ainda assola milhares e milhares de moçambicanos.
No entanto, apesar do visível crescimento económico e da relativa melhoria na qualidade de vida, Moçambique, enfrenta um grande problema que coloca em risco todo este esforço tendente ao desenvolvimento do país. A Corrupção.
Definida como o uso do poder para obtenção de vantagens e fazer uso de dinheiro público para alcançar interesses próprios, de um amigo, da família ou integrante. Este fenómeno, segundo especialistas, pode ser visto a dois níveis, nomeadamente: Pequena Corrupção (a mais visível), que verifica-se nos postos policiais, unidades sanitárias, escolas, e departamentos do governo e Grande Corrupção, que caracteriza-se por desvio de fundos significativos dos cofres do Estado e no mau comportamento e abuso de poder.
Este problema, tem como consequências, a diminuição do investimento externo, redução ou má a prestação de serviços públicos, grandes despesas para o governo, sendo que a população mais desfavorecida é a maior vítima, pois, depende totalmente de serviços públicos.
Contudo, mesmo diante desta dramática situação, Eu tenho um sonho. Diz se que a corrupção em Moçambique, apesar de se considerar um crime, é um acto legitimado pela sociedade e portanto, é uma norma social e cultural que faz parte do quotidiano dos moçambicanos, porém, mesmo assim, Eu tenho um sonho.
Eu tenho um sonho de nunca mais ouvir condutores na Cidade de Maputo, se queixando de subornos pelos polícias, pelo que, sonho em cada dia da minha vida, com uma polícia moçambicana justa, íntegra e que seja efectivamente actor da lei e ordem no país.
Nem com as grandes filas e enchentes nos hospitais e noutros serviços públicos, Eu tenho um sonho. Pés embora “os magros” salários que os nossos funcionários públicos ostentam, Eu tenho um sonho. O sonho de jamais presenciar cenas de gorjetas à agentes públicos para ou por um atendimento mais rápido/melhor em qualquer que seja instituição do Estado e nem de ser cobrado algum valor monetário “injustamente” por um serviço a que mereço por direito.   
Eu tenho um sonho, sonho de ver aquele Gabinete Central de Combate à Corrupção, funcionando com eficiência e eficácia para os propósitos aos quais foi instituído, ou seja, investigar e instaurar processos contra os funcionários públicos acusados de fraude e abuso do poder. Eu tenho um sonho, de presenciar mais casos de funcionários desonestos e corruptos sendo condenados exemplarmente, tal como aconteceu na empresa dos Aeroportos de Moçambique, onde funcionários de alto nível, foram responsabilizados por desvio de grandes quantias de dinheiro do Estado.
Ainda que me digam que as caixas de reclamação nas instituições públicas, não funcionam, são apenas para “o inglês ver” como por cá se diz, Eu tenho um sonho de um dia este país se tornar exemplo de transparência, de responsabilização e acima de tudo de integridade, no que diz respeito a governação, prestação de contas e resolução dos problemas do povo.
Eu tenho um sonho, de uma geração futura que não tenha como obstáculo para o seu desenvolvimento, a Corrupção, e que se empenhe lutando por um Moçambique próspero e ainda melhor. Em fim, Eu tenho um sonho, de um dia viver em um Moçambique livre da corrupção.
(Baseado no original discurso de Martin Luther King, 28/08/1963)

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Um Pensamento, Um Autor!


Thomas Tobbes

Nasceu em 1558, (Sec. XVI) na Inglaterra. Politicamente, vigorava naquele país um regime absolutista (concertação de poder nas mãos do monarca), com então rei Carlos – I, que teria sido aluno de Hobbes. No entanto, instala-se uma profunda crise na Inglaterra que leva a decapitação do rei Carlos – I e sucessivamente o declínio da Monarquia.
É na sequência deste cenário que Hobbes escreve a obra “Leviatã”, (monstro ou cobra de sete cabeças) defendendo a ilegitimidade da morte do rei, na medida em que para ele, o monarca devia governar assim como “monstro” de forma a garantir segurança e equilíbrio do Estado.
Leviatã
Hobbes, começa por afirmar que a natureza faz dos homens tão iguais, quanto as faculdades de corpo e de espírito, que embora por vezes se encontre um homem manifestamente mais forte ou de espírito mais vivo do que outro, a diferença entre um e outro não é suficientemente considerável para que qualquer um possa reclamar qualquer benefício a que outro não possa igualmente aspirar.
O homem é egoísta, supondo que possui em maior grau a sabedoria que os outros. A natureza dos homens é tal que embora sejam capazes de reconhecer em muitos outros maior inteligência, maior eloquência ou maior saber, dificilmente acreditam que haja muitos tão sábios como eles próprios, pois vêem a sua própria sabedoria bem mais perto e as dos outros à distância. E isto tudo mostra acima de tudo, o quanto os homens são efectivamente iguais, pelo que a diferença está apenas na concepção, (na maneira de ver as coisas), o que ele chama de igualdade/ desconfiança.
Da igualdade em termos de capacidade, deriva a igualdade de atingir seus fins (esperança). Daí que se dois homens desejam a mesma coisa que não pode ser gozada por ambos, os dois tornam-se inimigos. E na procura da preservação da vida, que é o fim último de cada homem, esforçam-se para se destruir um ao outro. O que explica por sua vez, que se um homem tem sucesso no seu trabalho, é de esperar que os outros o venham ameaçar, privando-o da vida ou da liberdade. E em seguida os invasores se encontrão também na mesma situação em relação aos outros.
Hobbes, faz uma grande ruptura com a concepção aristotélica segundo a qual o Homem é Um Animal Político, ou seja, foi feito para viver em sociedade, ele não basta-se a si próprio, precisa de unir-se/associar aos outros para garantir a satisfação das suas necessidades. Thomas, vai contradizer afirmando que os homens não tiram prazer algum da companhia dos outros, pois cada um pretende que seu companheiro lhe atribua o mesmo valor que ele se atribui a si próprio, na presença de todos os sinais de desespero ou de subestimação. E sendo assim, “ Os Homens não são seres sociais”.
Hobbes aponta três principais causas da discórdia na natureza humana: competição, desconfiança e glória.
A competição leva os homens atacarem-se uns aos outros tendo em vista o lucro usando a violência para se tornarem senhores das pessoas, mulheres, filhos e rebanhos dos outros homens. A desconfiança por sua vez leva a segurança, isto é, luta pela defesa. E a glória, faz os homens procurarem a reputação por ninharia como uma palavra, um sorriso, uma diferença de opinião e de qualquer outro sinal de desprezo, quer seja directamente aos seus parentes, aos seus amigos à sua nação à sua profissão. Com isto torna-se manifesto que durante o tempo em que os Homens vivem sem um poder comum capaz de os manter a todos em respeito, eles se encontram naquela condição a que se chama guerra de todos contra todos. A natureza da guerra não consiste na luta real, mas na conhecida disposição para tal durante o tempo em que não há uma garantia do contrário.
Tudo que é valido para o tempo de guerra em que todo o homem é inimigo de outro, o mesmo é válido também para o tempo durante o qual os homens vivem sem outra segurança senão a que lhes pode ser oferecida pela sua própria força e pela sua própria invenção.
Numa tal situação não há lugar para a indústria, pois o seu fruto é incerto consequentemente não há cultivo da terra, nem navegação, nem uso de mercadorias que podem ser importadas pelo mar, não há construções confortáveis nem instrumentos para mover e remover as coisas que precisam de grande força, não há conhecimento da face da terra, nem computo do tempo nem artes, nem letras, não há sociedade e o pior de que tudo, um perigo e temor constante de morte violenta. E a vida do homem é solitária, pobre, sórdida, selvagem e curta.
Entretanto, os desejos e outras paixões do homem não são em si mesmos um pecado. Nem tão pouco, o são as acções que derivam dessas paixões, até ao momento em que se tome conhecimento de uma lei que as proíba, o que será impossível até ao momento em que sejam feitas as leis, e nenhuma lei pode ser feita antes de se ter concordado quanto à pessoa que a deverá fazer.
As noções do bem e do mal, de justiça e de injustiça aí não tem lugar. Onde não há poder comum, não lei nem injustiça. Não há propriedade, nem domínio, nem distinção entre o meu e o teu, só pertence a cada homem, aquilo que ele é capaz de conseguir e enquanto for capaz de conservar.
As paixões que fazem os homens tender para a paz são o medo da morte, o desejo daquelas coisas que são necessárias para uma vida confortável e a esperança de as conseguir através de trabalho. E a razão sugere adequadas normas de paz em torno das quais os homens podem chegar a acordo. Essas normas são aquelas a que por outro lado se chamam leis da natureza. Lei da natureza é segundo Hobbes, um preceito ou regra geral estabelecida pela razão mediante o qual se proíbe a um homem fazer tudo o que possa destruir a sua vida ou privá-la dos meios necessários para conservar ou omitir aquilo que pense melhor contribuir para preservar.
Das causas, geração e definição de um Estado
O fim último, causa final e desígnio dos homens ao introduzirem aquela restrição sobre si mesmos, sob a qual os vemos viver em Estado, é o cuidado com a sua própria conservação e com uma vida mais satisfatória. Ou seja, o desejo de sair daquela condição de guerra que é consequência necessária das paixões naturais dos homens quando não há um poder visível capaz de os manter em respeito, forçando-os por meio de castigo ao cumprimento do seu pacto ao respeito daquelas leis da natureza. Os homens estão constantemente envolvidos numa competição pela honra e pela dignidade. E por isso que surgem entre os homens a inveja e o ódio e finalmente a guerra. O homem só encontra felicidade na comparação com os outros homens e só pode tirar prazer do que é eminente. Os homens são em grande número os que se julgam mais sábios e capacitados do que os outros para o exercício do poder público. E se esforçam por empreender, reforçar inovações uns de uma maneira e outros de outra, acabando assim por levar o país a desordem e a guerra civil.
O acordo vigente entre os homens surge apenas de um pacto que é artificial. Portanto, não é de admitir que seja necessária alguma coisa mais além de um pacto para tornar constante e duradouro o seu acordo, isto é, um poder comum que os mantenha em respeito e que dirija as suas acções no sentido de benefício comum. E esse pacto é efectuado por meio de um contracto, que de acordo com Thomas, é a transferência mútua de direitos. E aquele que transfere qualquer direito, transfere também os meios de gozar, na medida em que tal esteja em seu poder. Portanto, aqueles que dão a um homem o direito de governar soberanamente, se entende que lhe dão também o direito de recolher impostos para os seus soldados e de designar magistrados para a administração da justiça.
Geração de um Estado
A única maneira de instituir um tal poder comum capaz de os defender das invasões dos estrangeiros e das injúrias uns dos outros, garantindo-lhes assim uma segurança suficiente para que mediante o seu próprio saber e graças aos frutos da terra, possam alimentar-se e viver satisfeitos, é conferir toda a sua força e poder a um homem ou uma assembleia de homens que possa reduzir as diversas vontades por pluralidade de votos a uma só vontade. O que equivale dizer: designar um Homem ou assembleia de homens como representante de suas pessoas. O poder político é o meio necessário para alcançar a paz. Para Hobbes, o Estado é uma pessoa cujos actos, uma grande multidão mediante pactos recíprocos uns com outros foi instituída por cada um como autor, de modo a ele poder usar a força e os recursos de todos da maneira que considerar conveniente para assegurar a paz e a defesa comum. E o portador dessa pessoa chama-se soberano e dele se diz que possui poder soberano. E todos restantes são súbditos.
Por fim, Thomas Hobbes considera a existência de três formas de governo, nomeadamente: Monarquia, quando o representante é um só homem; Democracia ou governo popular quando representado por uma assembleia; e Aristocracia quando é dirigido por um grupo ou parte da assembleia.
Entretanto, governos como Tirania, Oligarquia não se tratam de outras formas de governo, mas das mesmas acima mencionadas, quando são detestadas. Ou seja, os que estão descontentes com a Monarquia chamam-lhe Tirania e aqueles a quem desagrada uma Aristocracia chamam-lhe de Oligarquia, do mesmo modo os que sentem prejudicados por Democracia chamam-lhe Anarquia. A diferença entre essas espécies de governo não reside numa diferença de poder, porém numa diferença de conveniência, isto é, a capacidade de garantir a paz e a segurança do povo, fim último para o qual foram instituídos.

Reflexão
Sem dúvida alguma, o pensamento de Hobbes, faz uma profunda Revolução teórica do Estado, criando uma tipologia estatal que permanece até hoje. Evidentemente que algumas sociedades do presente, sobretudo africanas como a moçambicana, não assimilaram parte das suas concepções. Para Hobbes, o Homem não participa na construção do Estado, apenas cumpre. No entanto, na sociedade moçambicana, o indivíduo é cidadão e ao mesmo tempo fiscalizador do próprio Estado. É comum ouvir no panorama social moçambicano, cidadãos tentando fazer trabalho do Tribunal Administrativo, instituição vocacionada a fiscalização das contas do Estado.
Um outro aspecto que me chama atenção neste sábio pensamento de Thomas Hobbes, é o estado de natureza do homem, quando este vive sem um poder comum e superior. Será que a instituição e existência deste poder nas sociedades actuais, conseguiu suprir a natureza egoísta e egocêntrica do Homem? Penso que não. Não haverá uma necessidade de se rever a actual instituição do poder particularmente nos países africanos? As evidências revelam que por um lado, os próprios decisores democraticamente eleitos, conduzidos por este espírito egoísta, usam e abusam do poder comum, para acumular riquezas pessoais e beneficiar seus familiares e por outro, o cidadão comum vive um ambiente social tenso, inseguro e incerto a tudo e de todos. Sendo a vida cíclica, nãos estaremos neste momento a viver um estado de natureza? Talvez mais sofisticado, pois temos leis, poder democraticamente eleito, instituições, contudo, nada disto funciona perfeitamente ou para os propósitos aos quais foi criado.   

“Palavras ditas, não são necessariamente verdades, não deixam de ser opiniões”