Empreendedorismo & Activismo Social

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Sonhei com Moçambique!

A noite anterior foi relativamente longa, me deitara por volta das oito, após uma diversificada jornada de “trabalho”. Estava realmente cansado, razão pela qual dormia como uma pedra atirada no fundo do mar. O silêncio da noite, a minha “morte” instantânea me fizeram sentir como um anjo durante um sonho que jamais me esquecerei. Sonhei com Moçambique!
Não que quis acreditar naquilo, mas era verdade. Moçambique era um país institucionalmente descentralizado, com autonomia política e económica por todos pontos, o que fazia das suas comunidades tão equilibradas e com orgulho das suas próprias origens. Naquele instante, caminhar pelas ruas de Mafala, Maxaquene e Polana Caniço durante a noite, era saudável, aliás, pés embora as suas especificidades não passavam de simples bairros assemelhados a Coop e Sommerschield. Pelos midias chegavam notícias de Hospitais quase que vazios, pois seus utentes moçambicanos respiravam de óptima saúde, fruto das boas condições de vida que possuíam motivadas por um satisfatório salário, que jamais me fizera ouvir falar de manifestações profissionais ou corrupção. Quis eu ser incrédulo, porém, a informação chegava até mim por meios de comunicação transparentes e acima de tudo comprometidas com a verdade.
A nível político, contávamos apenas com forças do poder público e o parlamento era extraordinariamente interessante, caracterizado por um real multipartidarismo, onde dos três partidos com assentos, nenhum era mais importante que outro, “importante” era sim o bem-estar dos seus reapresentados (Povo) proporcionando-os estabilidade e PAZ que ninguém jamais ousava em ameaça-la. O Gabinete Central de Combate a Corrupção, tinha se tornado num Centro de assistência marital.
Não passava pela cabeça de nenhum moçambicano, que o seu presidente fosse tão alérgico a críticas e que pudesse odiar as redes sociais, pelo contrário era um “tipo” bastante simpático e sempre aberto ao diálogo, e que de tanta humildade era o presidente mais “pobre” de África. Para ele, o povo é que tinha direito de acumular riquezas e não os seus dirigentes. Me fascinava ainda mais o seu estímulo e incentivo no uso de tecnologias de informação pelos jovens, razão pela qual o reconhecimento pela criatividade e talento em Moçambique era o nosso pão de cada dia.  
Éramos tão felizes, que o nacionalismo não era um mero discurso político, mas sim uma verdade evidente inclusive quando compartilhávamos sentimentos no apoio as nossas selecções desportivas, que nos brindavam com vitórias e troféus, resultado do seu empenho e compromisso com a bandeira nacional, sendo que por sua vez as autoridades desportivas, apoiavam a todos sem distinção de sexo, idade, raça, modalidade, etc.  
Naquela “pátria amada”, a fé em Deus não tinha preço, aliás, locais de cultos religiosos serviam apenas para buscar saúde espiritual e aprofundamento do auto e amor ao próximo, não deixando por isso espaço para ódio e competição religiosa. Fazer parte da Polícia da República de Moçambique, constituía uma tarefa bastante honrosa e respeitada caracterizada no seu exercício por zelo e responsabilidade, sendo que o polícia que se descuidasse e fizesse do seu uniforme uma ferramenta para extorquir e maltratar cidadãos indefesos, era punido exemplarmente.   

Entretanto, por volta das cinco e meia da manhã, o alarme como de sempre fez das suas, mas dessa vez de forma dolorosa. Depois de piscar o olho, não podia ouvir melhores notícias pelo meu pequeno rádio de cabeceira. “Criança raptada por desconhecidos na cidade da Matola; Treinador de nacionalidade portuguesa expulso do país, acusado de chamar os moçambicanos de ladrões; RENAMO ameaça inviabilizar as eleições autárquicas de Novembro próximo”; eram os destaques do dia que me reintegravam no Moçambique real. Pés embora, melancólico levantei-me com a mão no queixo e olhar para o teto, tirei um pequeno sorriso e agradeci a Deus pela noite… SONHEI COM MOÇAMBIQUE.