Empreendedorismo & Activismo Social

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Ficará marcado para sempre!

O dia 31de Outubro de 2013 ficará para sempre marcado na vida dos moçambicanos. Neste dia realizou-se em Maputo e em algumas capitais provinciais, uma extraordinária manifestação já mais vista não só em Moçambique, mas a nível do continente africano. Com objectivo de por um lado, revelar o consensual descontentamento popular pela actual tensão política militar e onda de raptos no país e por outro, de criar pressão ao actual executivo e aos principais actores políticos a tomarem decisões com vista a resolver a triste situação que se vive, que já está semear terror, incerteza e perdas humanas, para além de danos materiais incalculáveis.
Movimentando em Maputo cerca de 30 mil participantes, maioritariamente membros de organizações da sociedade civil, religiosos e activistas sociais, esta manifestação marca não apenas o exercício de um direito constitucionalmente salvaguardado (Artigo 51 da Constituição da República, 2004), mas sobretudo o ponto mais alto de uma acção cívica democrática já mais registada em Moçambique.  
Infelizmente alguns actores políticos, enganosamente encaram a democracia como sendo apenas a realização de eleições multipartidárias e periódicas, pelo que confundem manifestação pacífica com actos de violência e de vandalismo, tendo por isso, o partido FRELIMO, através do seu porta-voz, um dia antes desencorajado a realização deste inédito e maravilhoso acto democrático. E independentemente dos resultados alcançados, para mim, o povo moçambicano conhecido no passado pelo seu pacifismo e medo, acresceu mais um dado a sua cultura cívica e política, factores importantes para o desenvolvimento de uma verdadeira democracia.   
Com este dado, sinto-me ainda feliz não só pelo nível de organização que caracterizou a manifestação, mas também pelo facto de já no meu último artigo, ter apelado uma acção popular bastante séria quando dizia: “…é chegada a hora de alguma reacção por parte do legítimo detentor do poder, o povo. Toda gente fala, mas faz absolutamente nada. Se realmente somos democráticos ou ao menos pretendemos ser, temos que agir, caso contrário o poço da miséria vai se aprofundar. Usemos e abusemos de todos meios legais que dispomos para exigirmos o que é digno de homens: Paz e Tranquilidade. Não deixemos que egoísmo e teimosia de algumas pessoas dêem rumo infeliz as nossas vidas”.
Encheu-me também de contente, presenciar actos de manifestação por meio das redes sociais, emails, blogues, que mais uma vez provaram o exercício de mais um direito consagrado na nossa constituição (artigo 48).
E infelizmente, o cenário negro ainda continua, com registos de ataques e confrontos diários na região centro do país envolvendo as Forças Armadas de Moçambique e supostos homens armados da RENAMO, para além da continuidade da onda dos raptos em Maputo. Contudo, espero que o actual fenómeno seja apenas uma tempestade e um obstáculo a ser ultrapassado com vista a tornar a PAZ moçambicana cada vez mais forte e estável. Espero ainda que a manifestação realizada na passada quinta feira, marque o início de acções cívicas e políticas como forma de salvar a jovem democracia moçambicana ameaçada pela hegemonia partidária da FRELIMO.