Empreendedorismo & Activismo Social

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Viva a Democracia em Moçambique!

Antes de mais, tenho a afirmar que o título não é da minha autoria, copiei-o de um comentário no facebook sobre as últimas eleições autárquicas.
Dois são os motivos por detrás da escolha deste título. Pés embora a actual tensão política e militar associada as ameaças do partido RENAMO em boicotar o processo eleitoral tendo por isso optado em não fazer parte, assistimos em todas as 53 autarquias a realização das quartas eleições, incluindo em Gorongoza, município que é parte da região palco de confrontos militares entre as Forças Armadas de Moçambique (FADM) e os antigos guerrilheiros da RENAMO, - primeiro motivo. Teoricamente, entendia-se que o sistema político desenhado com a aprovação constituição multipartidária de 1990, favorecia apenas aos dois maiores partidos (FRELIMO e RENAMO) deixando os demais numa posição marginal, pelo que com a não participação da RENAMO nestas eleições autárquicas, esperava-se maior espaço de acção e domínio da FRELIMO. Não obstante, ainda que preliminares, os resultados revelam um relativo “equilíbrio” na maioria dos municípios opondo principalmente a FRELIMO e o MDM (Movimento Democrático de Moçambique) – segundo motivo.
Tudo indica que o partido FRELIMO poderá gerir nos próximos cinco anos, 51 municípios do total de 53, no entanto, o MDM surge como o grande vencedor, que participando pela primeira vez nas eleições autárquicas a nível nacional, consegue se impor como um forte candidato a gestão destas mesmas autarquias, tendo não só se aproveitado da ausência da RENAMO, mas sobretudo se beneficiado de parte do eleitorado anteriormente pró FRELIMO, pelo menos se analisados os dados eleitorais desta competição em comparação com anteriores escrutínios eleitorais.    
E independentemente do nível de participação eleitoral registado, pode se dizer que o crescimento eleitoral do MDM, abre uma nova e diferente página na jovem democracia moçambicana. Arisco ainda afirmar que o voto atribuído ao Movimento Democrático de Moçambique é relativamente de qualidade que o da FRELIMO, partindo da concepção que defende escolha eleitoral como resultado de uma prévia avaliação do eleitor que por sua vez determina “o castigo” ou “o prémio” ao candidato, assim como também tendo em conta a perspectiva sociológica do voto que sempre determinou as escolhas eleitorais em Moçambique.
Naturalmente, o processo não esteve isento de problemas, com registo de irregularidades desde o próprio recenseamento eleitoral até respectiva votação. Entretanto, penso "eu" que sejam dificuldades "normais" de qualquer que seja processo competitivo, ainda mais se considerarmos as grandes deficiências institucionais que caracterizam o sistema político moçambicano. E dentre os aspectos negativos, há sim que destacar tristemente a violência verificada em algumas autarquias, durante as campanhas eleitorais e no dia da votação, em parte causada pela má actuação da Polícia da República de Moçambique (PRM), que mais uma vez revelou estar a serviço do governo do dia em detrimento da protecção e segurança pública, abrindo por isso espaço para intolerância política.

Para terminar, farei das minhas as palavras de algumas figuras da FRELIMO, que transformam seus habituais discursos de vitórias esmagadoras, retumbantes e convincentes por elogios cínicos ao partido MDM. Eu particularmente dou parabéns ao Movimento Democrático de Moçambique, por um lado pelo facto de ser apenas um partido político e não militar e por outro, pela coragem, força e acima de tudo pelo espírito de esperança que tem depositado na sociedade sobre o futuro da democracia moçambicana, razão pela qual considero o crescimento eleitoral do MDM não apenas vitória do partido, mas do povo moçambicano que passa a contar com mais uma arma política na luta contra a hegemonia partidária. Viva democracia em Moçambique!