Juventude sem sonhos!

Minhas conversas com os jovens que me rodeiam têm sido para alguns “chatas”. Vezes procuro saber sobre sua vida por meio de pequenas questões como:

a)   Qual é seu maior sonho?

b)   O que gostaria de fazer antes de morrer?

c)   Como se vê daqui a cinco anos?

Confesso que me entristeço profundamente com as respostas que recebo, chegando a pensar que sou realmente um sonhador ou idealista tal como meus amigos costumavam dizer. Me espanta e me fragiliza ainda o fraco poder da imaginação juvenil. E a pergunta que em mim não se cala: que juventude estamos a construir?

Num mundo cada vez competitivo e exigente onde o ideal seria ter mais jogadores de Xadrez, ao invés disso temos crescentemente apenas peças de Xadrez.

Há dias conversava com uma adolescente estudante do segundo ciclo, disse me que desejava estudar Sociologia, contudo ouvira dizer que era um dos cursos mais concorridos, pelo que optaria por um outro curso desde que lhe garantisse ingressar na Universidade. Ao ouvir aquilo dela, me lembrei das palavras do saudoso Mandela, segundo as quais, caminhos fáceis tornam a vida difícil, porém, caminhos difíceis tornam a vida fácil.

Se fazes apenas para cumprir metas ou mostrar ao mundo que também podes, que sentido tem tua vida?

Ainda me incomoda presenciar objetivos e ações sendo adiados como se soubéssemos a data do descanso eterno de cada um. Mas porquê? Porque tanto Medo, Ansiedade e Comodismo?

Somos uma juventude tão despreocupada que me faz crer que realmente não arriscamos o suficiente. Porque tememos tanto morrer se não ameaçamos nossa vida justificavelmente?

Não ouvistes o que foi dito pelos sábios: O Homem conquista experiência fazendo. E porque tens tanto medo de experimentar? Somos tão alérgicos ao NÃO, nos esquecendo que é a razão do SIM.

Porque não um diário um pouco mais desafiante? Que dirás a Deus quando ele perguntar que fizeste da tua vida?

Acorda Juventude! Cérebro cômodo ou que não exercita envelhece rápido. 

Boa noite de Terça Feira

Sonhei com Moçambique, outra vez!

Deitado na cama após um dia busy, aliás por essas terras estar busy está na moda, de tal forma que até os resultados não importam, basta estar busy. Pois sim, ontem fui comum, também andei busy e por isso estava super cansado. Nem mesmo a guerra infinita de pensamentos que já leva bárbaras brancas em mim, foi capaz de me perturbar desta vez. Muito menos o zuimmmmm dos mosquitos que pululavam pelas redondezas das minhas orelhas após um corte inesperado da corrente eléctrica. Opah! Retiro esta ultima parte, já me devia ter habituado, pelo que não tenho motivos para reclamar. É de casa. Nunca há motivos para interrupção de corrente eléctrica.

Tsk! Tinha sido minha última palavra, depois de ver a chamada telefónica chegar ao fim por falta de saldo. Se bem que me já tinham avisado. As taxas telefónicas também inflacionaram e como “Bacela” os tipos já não respeitam os clientes.

Mas ok, ainda respiro, por isso vamos continuar!

“Com vista a garantir maior satisfação do cidadão, o governo decidiu no último conselho de ministros aumentar o salário mínimo em mais de 50%” (Manchete do Jornal Diário).

Não pensei duas vezes em apanhar o famoso chapa, era confortável e seguro para além do ambiente de sossego proporcionado pelos seus utentes por meio de conversas produtivas e bastantes sugestivas.

Ao voltar para casa sou presenteado, por mais notícias boas: “Governo vai encerrar mais de 30 cadeias no país por falta de reclusos.” E na sequência disso, as autoridades ligadas a comunicação social, baniram a transmissão dos programas televisivos e radiofónicos dedicados a relatos criminais, por os considerar factores de tensão e terror no meio social.

A corrupção virou um mito, só se fala em Integridade e respeito a lei. Ao ligar a televisão, deu me vontade de acompanhar mais uma sessão parlamentar em directo. Me sentia inspirado por aqueles magníficos mandatários do povo, que com afinco e dedicação discutiam profundamente assuntos de interesse popular sendo que a diferença entre eles constituía uma ferramenta a ter em conta na construção de um Moçambique melhor para todos.

Até porque estava na agenda do dia, a preparação de um debate público (frente a frente) entre o Presidente da República e o Presidente do maior partido da oposição, numa clara demonstração ao mundo, que pés embora nova, nossa democracia se encontra viva e consolidada, pelo que não abre espaço para qualquer conflito político muito menos armado.

Go Go Go! Go Go Go!

-Jorge? Jorge? Acorda. O vizinho foi assaltado e está gravemente ferido. Dizem que são os Homens catana mais uma vez.

-Vamos a polícia, rápido.

- Que Polícia! Não adianta. Se for para registar a ocorrência, eu também posso fazer, com maior eficiência, tenho computador e internet o que nossa esquadra não tem.

- Posha! Quando bateste a porta, estava sonhar.

- Sonhar? Nesta crise ainda sonhas? Sonhaste o quê mesmo?

- Sonhei com Moçambique! 

“Não pense em crise, trabalhe”

Há Meses que venho tentando rabiscar qualquer coisa para alimentar a mente, mas simplesmente não consigo. O panorama social, económico e político em minha volta me entristece profundamente, e se eu insisto em escrever, por um lado, o resultado será pessimista e obviamente serei suspeito, e por outro, vejo que critica é o que há demais, no entanto, mais do que isso, neste preciso momento, a sociedade moçambicana precisa de uma outra abordagem de vida.  

Globalmente se assiste a uma crise financeira grave que até já levou a demissão de certos dirigentes políticos. A Venezuela por exemplo, vive hoje a maior inflação mundial, tendo levado uma forte pressão política, que teria terminado no Dezembro último com a conquista da maioria parlamentar por parte da oposição. Dentre as consequências da crise venezuelana, há a destacar o encerramento de fábricas, falta de medicamentos e de electricidade assim como de produtos de primeira necessidade como o pão. Ainda este ano, o presidente Nicolas Maduro, aumentou salário mínimo duas vezes, primeiro em 20% e depois em 30%. E como forma de racionar a energia eléctrica, primeiro determinou todas sextas-feiras feriados para o sector publico incluindo a educação, tendo depois alargado os feriados para quinta e quarta, ou seja hoje na Venezuela são dias úteis apenas segunda e terça feiras.

No leste europeu concretamente na Bielorrússia, devido a crescente desvalorização da moeda local, a crise económica atingiu níveis assustadores, tendo o presidente Alyaksandr Lukashenko, numa das suas intervenções apelado ao povo a trabalhar ate suar mas sem roupa, o que teria gerado uma certa piada nas redes sociais, onde vários cidadãos da Belarus, postavam fotos em vários sectores trabalhando nus. Na Cuba fala-se de um colapso económico.

No Brasil, regista-se uma deterioração económica por todos cantos. A desvalorização crescente da moeda local perante o dólar, obrigando a subida de preços e escassez de produtos de primeira necessidade. É neste contexto que o presidente interino Michel Temer no seu discurso de tomada de posse teria apelado ao povo brasileiro a uma nova forma de estar perante o actual cenário negro com a seguinte simples frase: “Não pense em crise, trabalhe”. É uma simples frase, mas com teor bastante significativo, pelo que imediatamente teria ganho espaço, tendo sido de seguida publicada em diversas cidades por meio outdoors.

Eu pessoalmente simpatizei-me com esta frase, pois vivo um cenário social, económico e político semelhante, talvez um pouco pior. Moçambique vive hoje uma crise económica grave, associada a uma inflação devido a desvalorização do Metical perante a moeda estrangeira particularmente o dólar e o rand, com efeitos directos na subida excessiva de preços de quase todos produtos, dado que o próprio país sobrevive quase na base de importações. Associado a isto, assiste-se a um cenário político tanto que vergonhoso. Falta de transparência na gestão pública com registos de altos índices de corrupção e crime organizado “impune”, para além do conflito armado que já leva barbas brancas entre os dois partidos beligerantes a FRELIMO (no poder) e a RENAMO (maior partido da oposição), cujas consequências são bem visíveis por quase todos quadrantes sociais.  

É verdade que o executivo actual tem uma grande responsabilidade no sentido de reverter o actual cenário, contudo se há anos não o faz, duvido que o faça agora, pelo que faço das palavras do Michel Temer minhas: “Não pense em crise, trabalhe”. Ou seja está na hora de o detentor legítimo de poder tomar a dianteira e mudar de atitude, começando pela nossa educação financeira.

O coeficiente de inteligência financeira da maioria da população moçambicana é ainda baixíssimo. Nem mesmo dispondo de significados recursos naturais, o país produz bastante pouco, o que obriga-nos importar quase de tudo, e para piorar o consumo é superior a produção nacional, o que a princípio é um sinal de fraqueza e grande vulnerabilidade económica. Talvez porque o orçamento geral do Estado ainda é em parte suportado por financiamentos externos, o desequilíbrio entre a produção e o consumo não se faz sentir.

Certa vez minha namorada zangou comigo, após ter pedido para pagar um par de calçado que um jovem vendedor passando de casa dela lhe teria “oferecido”. O motivo da zanga não foi necessariamente o facto de eu não ter respondido pronta e satisfatoriamente sua necessidade, mas sim, o lhe ter perguntando, se pretendia comprar o calçado porque realmente necessitava ou simplesmente porque gostara.

E este é ainda um grande problema para milhares de moçambicanos. “Somos simplesmente compradores de coisas”. E infelizmente na maioria das vezes, não compramos porque é realmente necessário, mas pela moda ou por influência. Numa das palestras o escritor brasileiro Gretz, questiona aos participantes o porque de comprar um fogão de seis bocas, se apenas usa duas bocas! E num tom de brincadeira, Gretz diz ainda, que há gente que gasta dinheiro que não tem, para comprar bens que não precisa, para mostrar gente não gosta.

E o mais engraçado nos bens materiais, é que seu valor é apenas significativo ainda na montra, pois de fora o seu valor depende de quem vê.

Quanto vale uma tonelada de diamante no fundo do oceano? Simplesmente, nada.

Contenção de custos não implica necessariamente, não usar seu dinheiro. É igual ao jejum, que não quer dizer privar-se de alimento durante certo tempo reservando e acumulando para consumir depois. Jejum seria consumir menos do habitual e doar o excedente para aquele que não tem (ou seja, se consumem dois pães durante o pequeno almoço, comem um e outro dê aquém não sabe o que é mata-bicho).

Que cada um olhe para seu quarto, sua casa ou quintal, quantos bens tem, adquiridos com muito desejo, mas hoje relegados inutilidade sem que tenham servido o seu real propósito. Porque?

Em suma que, antes de exigirmos aos nossos dirigentes políticos maior responsabilização que sejamos nós 100/% responsáveis por cada acção nossa. Acredito eu, que se pararmos de pensar em crise a optarmos simplesmente por agirmos no sentido ultrapassarmos, há uma probabilidade da mesma se tornar em uma oportunidade para aprendermos e aprimorarmos nossas capacidades em gestão financeira.

Tu és mais forte do que imaginas!

“…tu és mais forte do que imaginas”! Foram suas primeiras palavras. Podia eu ter tudo quanto desejava, no entanto, não tinha prazer da vida. Era como se algo superior a mim roubasse minha inspiração e motivação.

- É assim que se sente quando não se vive com intensidade. Comentou ele, após ouvir meu relato. - A falta de intensidade na vida, é directamente acompanhada por sentimentos de ansiedade, lamentações frequentes e baixa auto estima.

Desejava me sentir diferente. Me frustrava ver meus sonhos e desejos presos nas minhas próprias limitações. Até minha música preferida não me cativava mais.

- A vida é uma escolha. Rematou ele. - Tu és aquilo que escolhes ser. Concluiu.

Com olhar desconfiado, suspirei superficialmente. Reflectindo em mim mesmo, não percebia porque escolhera ser tão decepção para mim mesmo. Então eu disse para ele: eu não desejo me sentir mal. Eu quero me sentir bem.

- Tuas razões não suficientemente fortes para conquistares o que realmente desejas. Me parece que tu acreditas mais em tuas limitações que nas tuas próprias potencialidades. Felizmente, a vida é misteriosa e bastante dinâmica. Tudo muda a cada piscar de olhos. Basta um pouco de determinação e compromisso que tudo muda. Claro que não é fácil. É bastante fácil de se dizer, mas duro de se praticar.

Quero mudar. Pretendo me sentir orgulhoso de cada passo meu na vida. Afirmei, de cabeça erguida.

- Já é um bom começo. O teu desejo de mudar. Contudo, não é o bastante. Deves estar apto a sacrificar muito da tua vida. Deverás estar apto a ser estranho. Só farás diferença se também fores diferente. Resgate teus sonhos. Como diz Augusto Curry, uma vida sem sonhos é igual a um oceano sem ondas. Sonhe e sonhe. Quando se tem um sonho, se tem esperança. E quando se tem esperança, algo se faz.

E quanto meus pensamentos negativos. Ao ódio, ressentimento, a vingança, arrependimentos que ainda me rodeiam, que fazer destas coisas? Questionei.

Não lute contra “eles”. Todas lutas contra, roubam nos muitas energias. Desconfie sempre de todos sentimentos negativos. Ao invés da inimizade, dê atenção a amizade, ao invés da escassez dê valor a abundância. Se consciente ou inconscientemente pensares no negativo, apenas ignore, é o universo testando tua habilidade.  

Sinto que minha comunicação com Deus se encontra perturbada. Será que ele realmente me ouve?

- Bem, quando o pecado toma conta de nossas vidas, dificilmente nossas preces chegam a Deus. Se chegam, sua resposta será sempre retraída pela maldade que cerca nossa casa (o coração). No entanto, Deus está sempre pronto para nos receber e nos ouvir. Basta nos decidirmos a o levar sério. Nunca o encontraremos no físico para lhe apertarmos a mão ou ainda o agradecermos. A única forma de o fazermos é por meio da sua criação. Ame todas suas criaturas. A ele estarás amando. Nunca ninguém na vida ficou pobre por doar. Doe tudo que podes. Não seja apenas generoso. Procure ser mais caridoso e solidário. E guarde segredo de todo bem que fizeres e de teus projectos, pois muitos olhares do pecado te invejarão.

Sinto que magoei muita gente, carrego remorso.

- O facto de estares disposto a fazer o bem por qualquer próximo seu, te iliba de todos erros do passado, contudo, se poderes, faça algo por eles. Surpreenda a cada um deles. Não precisas de lhes revelar que estás arrependido, apenas mostre. Faça um telefonema. Mande um cartão. Faça uma visita. Convide para uma refeição, etc.

Vezes, sinto que meus sonhos são irrealizáveis, será que estou a sonhar demais como já me foi dito uma vez?

Nenhum sonho é grande demais. Como dizia, BIG Small, o céu é o limite. Porém deverás fazer algo pelos teus sonhos todos os dias. Não deixe nada para mais tarde. O adiamento é uma arma do fracasso de milhares de pessoas. Viva tudo no presente. Não espere o final de semana para sorrires e te sentires bem. Todos dias são iguais e tudo se pode fazer a cada momento que passa. Seja jovem não apenas no físico, mas sobretudo no território da mente. Viva as aventuras da vida.

Mas também, sinto muito medo. Medo de começar de novo. Já vi muitas portas se fecharem. Já passei muita vergonha, humilhação e rejeição!

O medo é um sentimento normal. Muitas das vezes precisamos de sentirmo-nos solitários para que possamos dar valor a companhia. Precisamos da ausência, para darmos atenção a presença. É sim normal sentir o medo, mas perigoso é alimenta-lo. O mundo sempre vai falar. Portanto, apenas continue fazendo, basta que seja o certo. Arrisque-se para ter certeza. Nunca tenha medo de andares sozinho ou de criar seu próprio caminho. Se seguires caminhos já criados só poderás chegar onde os outros puderam chegar. Aceite cair, mas nunca desistir. Se caíres 7 vezes, levante 8 e mantenha a cabeça sempre erguida, pois se olhares para o chão verás teu mundo reflectido somente nos teus pés. Diga para si mesmo…SIM EU POSSO. Faça de cada dia seu um espectáculo. Procure fazer coisas diferentes a cada quotidiano, mas sempre alinhado aos teus objectivos e sonhos. E chega de perguntas, vai a luta jovem. Comece já e sempre para frente.

Mais uma coisa

…. Muito obrigado, por tudo.