Empreendedorismo & Activismo Social

terça-feira, 29 de janeiro de 2019

O Rei Aposentado!


Seu reinado tinha sido incomum. Da sua família não teria herdado mais do que boa educação, humildade e honestidade, pelo que, cresceu ciente das lutas e obstáculos do caminho da vida, razão pela qual ainda pequeno buscava incansavelmente por Coragem, Força e Sabedoria para que um dia se tornasse um REI.
Tinha sido um crescimento exemplar, quase excelente, pois seu histórico de lutas contava mais vitorias que derrotas. Tal como qualquer humano, era extraordinariamente ambicioso, com suas batalhas vencidas, quase já homem, tinha conquistado seu reinado. Entretanto, porque cada vitoria dava-lhe mais poder, mais poder ainda desejava. O seu desejo em si não era necessariamente mau, alias, para quem pensa grande, nunca vê limites nos seus Sonhos, ao que deseja alcançar o que o comum considera impossível ou loucura.
O Rei estava sempre colocando a prova suas capacidades, e por um longo período ia dando certo, tudo em abundância, mais escolhas, mais opções, liberdade e bem estar. E porque se sentia suficientemente forte, decidiu migrar visando conquistar novos desafios e viver diferentes aventuras.
Chegado ao seu destino, teria enfrentado algumas dificuldades (próprias de enquadramento), contudo, ele era inteligente o suficiente para transformar os obstáculos encontrados em matéria prima para edificação do seu novo Reinado. Lutava com Fe, Coragem e Entusiasmo e por isso Vencia. Entre seus próximos era considerado até estranho pois, para ele nada era impossível. E mais uma vez, altos e aventurosos momentos fizeram lhe companhia.
“Vezes nos sentimos derrotados porque o colectivo está derrotado, assim como também há vezes que apenas nós nos sentimos derrotados enquanto o colectivo vai desfrutando de vitorias. A primeira derrota é menos dolorosa que a segunda, dado que esta te faz sentir humilhado, inferior e incapaz”.
O histórico do Rei começou a registar mais derrotas que vitorias. A principio não se abalou, foi usando de todos recursos disponíveis para se defender e ainda procurar conquistar. Contando ainda com ajuda de quem ainda acreditava nele, foi suportando e resistindo por determinado tempo. Porém, o tempo foi interiorizando suas derrotas, já não era ele quem se colocava a prova dos desafios, mas sim o contrário.
"A fraqueza humana é tal que quando erramos sucessivas vezes, tendemos a errar mais vezes ainda", e assim sucedeu-se com o REI. Maus momentos, más decisões e consequentemente más escolhas e opções. Jovem demais, no entanto, seu reinado tinha chegado ao FIM. E o fim era tão visível que em pouco tempo seus próximos já se tinham cansado de acolhê-lo. Estava sozinho com o abandono caminhando para o seu interior.
A aflição e angustia tinham o despido completamente. Ao caminhar já não conseguia erguer a cabeça, pois carregava um enorme peso nas costas. Tudo se tinha transformado em memórias, e memórias no presente não passam apenas de auto-consolo.
Sofrido e profundamente aflito olhava para céu buscando respostas. O que foi que eu fiz para merecer isto tudo? Perguntava o REI. Foi então que percebeu. Tudo na vida tem um preço, e porque geralmente queremos ganhar mais, tendemos a pagar pouco, o que em longo prazo sai carro. No princípio vivia mais no bem que na maldade, razão pela qual tinha mais vitorias que derrotas. Entretanto, quando sua aliança com o Bem começou a enfraquecer, a maldição tomou seu caminho.
Questionando porque Deus o tinha abandonado, então este respondeu: Eu nunca te abandonei, tu é que me esquecestes. Quantas vezes eu gritei para ti, quando davas ouvidos a aqueles que hoje dizem: “Queríamos ver até onde ele ia chegar... Quem ele pensava que era...marra awuya quine!”
Quantas vezes te quis parar, quando voavas como um avião a jato?  Este é o preço das tuas fraquezas. A maldição vem quando vivemos no mal. A tua atitude presente ditará o preço do teu futuro.  
O Rei ainda perplexo perguntava-se teria praticado tanto assim o mal em vez do bem? Sem ninguém para suportá-lo, então pensou: Porque não voltar para onde tudo começou!
To be continued...from Jorge Ofice #Writtingmyhistory2019

sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

Cicatriz “da” Professora Marta!


(Writting my History, 2014, Capítulo 07)
1996: frequentava a primeira classe. Era um aluno extraordinariamente excelente, de comportamento exemplar digno de uma criança humilde consciente da sua delicada condição de vida, e por tanto disposto a lutar por um futuro brilhante tanto para si como para sua família.
Minha escola distava cerca de um quilómetro e meio da minha moradia, ao que caminhar diariamente para lá já era um sacrifício, pelo que tinha valorizar aquele esforço, sendo a melhor forma, estudar muito. E eu o fazia com todo prazer, tinha sido se tornado uma paixão.
Por aquelas alturas, as turmas escolares eram bastante heterogéneas a nível social e etário. Era comum ir a escola, descalço. As vezes não o faziam por falta de calçado, mas por simples desejo de ser igual aos outros meninos que o faziam realmente por falta.
“Naquele tempo” o chefe de turma era indicado após provar ser capaz de manter ordem a nível dos seus colegas, e geralmente era a pessoa mais velha e de quo eficiente de inteligência também relativamente alto. Nosso chefe de turma possuía essas duas características, contudo lhe faltava espírito de liderança. Era bastante humilde e sem pujança suficiente garantir ordem tal como se esperava.
Não sei porque, a professora me tinha indicado chefe de higiene. Trabalhava com afinco e prazer no cargo indicado. Entretanto, a actuação do nosso chefe de turma não satisfazia a ansiedade da nossa professora. E ao nível da turma, havia um menino embora pequeno, bastante activo e dedicado. E na sequência de uma das suas participações brilhantes na aula, a professora visando aliviar-se da sua aflição em relação a postura do então chefe, decidiu indicar o então petiz activo. E o menino em causa chamava-se Jorge Ofice.
Uma das obrigações do chefe era chamar atenção a turma tanto na chegada como na saída da professora, por meio de um grito de saudação ou de despedida conforme a ocasião. A minha função como chefe teria começado no decorrer da aula.
Terminada a aula naquele mesmo dia, todos olhavam ansiosamente para mim, esperando pelo grito de despedida a senhora professora. Não sei ao certo o que teria acontecido (não me lembro) apenas sei que gaguejei. O grito era mais ou menos assim: “Atenção a despedida da senhora professora…”.
Mas não consegui dizer aquilo. Estava nervoso e por isso apenas gaguejei. E para minha infelicidade, fui destituído do cargo imediatamente. Meus colegas próximos soltavam gargalhadas que em poucos instantes despiram minha dignidade. Senti me profundamente humilhado. A caminhada para casa, a perguntava que não se calava. O que teria dito de errado?
Hoje ainda me questiono, será que não estava realmente preparado para ocupar o cargo de chefe de turma, ou não estava suficientemente preparado para naquele instante fazer o grito tanto esperado?
Realmente não sei dizer. Talvez minha professora pudesse responder. Contudo, tão cedo ela nos abandonou, após perder a vida, vítima de doença, naquele mesmo ano. Não guardo rancor contra ela, alias era uma óptima mãe escolar, porem sempre que penso na possibilidade de ser chefe as imagens daquele episodio me inundam a mente. Já vi altos dirigentes serem destituídos de seus cargos em menos de 30 dias, e se reduzirem a nada, simplesmente porque não tem noção de ocupar um cargo por menos de duas horas.
Descanse em Paz querida Professora Marta.