Empreendedorismo & Activismo Social

sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

Cicatriz “da” Professora Marta!


(Writting my History, 2014, Capítulo 07)
1996: frequentava a primeira classe. Era um aluno extraordinariamente excelente, de comportamento exemplar digno de uma criança humilde consciente da sua delicada condição de vida, e por tanto disposto a lutar por um futuro brilhante tanto para si como para sua família.
Minha escola distava cerca de um quilómetro e meio da minha moradia, ao que caminhar diariamente para lá já era um sacrifício, pelo que tinha valorizar aquele esforço, sendo a melhor forma, estudar muito. E eu o fazia com todo prazer, tinha sido se tornado uma paixão.
Por aquelas alturas, as turmas escolares eram bastante heterogéneas a nível social e etário. Era comum ir a escola, descalço. As vezes não o faziam por falta de calçado, mas por simples desejo de ser igual aos outros meninos que o faziam realmente por falta.
“Naquele tempo” o chefe de turma era indicado após provar ser capaz de manter ordem a nível dos seus colegas, e geralmente era a pessoa mais velha e de quo eficiente de inteligência também relativamente alto. Nosso chefe de turma possuía essas duas características, contudo lhe faltava espírito de liderança. Era bastante humilde e sem pujança suficiente garantir ordem tal como se esperava.
Não sei porque, a professora me tinha indicado chefe de higiene. Trabalhava com afinco e prazer no cargo indicado. Entretanto, a actuação do nosso chefe de turma não satisfazia a ansiedade da nossa professora. E ao nível da turma, havia um menino embora pequeno, bastante activo e dedicado. E na sequência de uma das suas participações brilhantes na aula, a professora visando aliviar-se da sua aflição em relação a postura do então chefe, decidiu indicar o então petiz activo. E o menino em causa chamava-se Jorge Ofice.
Uma das obrigações do chefe era chamar atenção a turma tanto na chegada como na saída da professora, por meio de um grito de saudação ou de despedida conforme a ocasião. A minha função como chefe teria começado no decorrer da aula.
Terminada a aula naquele mesmo dia, todos olhavam ansiosamente para mim, esperando pelo grito de despedida a senhora professora. Não sei ao certo o que teria acontecido (não me lembro) apenas sei que gaguejei. O grito era mais ou menos assim: “Atenção a despedida da senhora professora…”.
Mas não consegui dizer aquilo. Estava nervoso e por isso apenas gaguejei. E para minha infelicidade, fui destituído do cargo imediatamente. Meus colegas próximos soltavam gargalhadas que em poucos instantes despiram minha dignidade. Senti me profundamente humilhado. A caminhada para casa, a perguntava que não se calava. O que teria dito de errado?
Hoje ainda me questiono, será que não estava realmente preparado para ocupar o cargo de chefe de turma, ou não estava suficientemente preparado para naquele instante fazer o grito tanto esperado?
Realmente não sei dizer. Talvez minha professora pudesse responder. Contudo, tão cedo ela nos abandonou, após perder a vida, vítima de doença, naquele mesmo ano. Não guardo rancor contra ela, alias era uma óptima mãe escolar, porem sempre que penso na possibilidade de ser chefe as imagens daquele episodio me inundam a mente. Já vi altos dirigentes serem destituídos de seus cargos em menos de 30 dias, e se reduzirem a nada, simplesmente porque não tem noção de ocupar um cargo por menos de duas horas.
Descanse em Paz querida Professora Marta.

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