Empreendedorismo & Activismo Social

terça-feira, 17 de abril de 2012

Uma palavra de ordem aos munícipes de Inhambane!


É já na próxima quarta-feira, dia 18 de Abril, que os munícipes da cidade de Inhambane, capital da província com o mesmo nome, vão escolher o presidente que dará procedimento à gestão da autarquia nos próximos dois anos, na sequência da morte, vítima de doença de Lourenço Macule, em Dezembro último, que vinha dirigindo o Município desde 2008. Concorrem para escrutínio, Benedito Guimino, pelo partido FRELIMO e Fernando Nhaca, pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM).
Inicialmente eu ia publicar um artigo com o título “Eleições intercalares no município de Inhambane: vale a pena votar no MDM?”, mas por motivos que não importa aqui fazer referência, desisti. Entretanto, não podia deixar este momento bastante decisivo para a cidade que acompanhou parte do meu crescimento, sem poder opinar, comentar ou deixar um alerta aos eleitores de I’bane e a todos que acompanham atentamente este processo.
A principal razão deste pequeno comentário ou alerta intitulado “Uma palavra de ordem aos munícipes de Inhambane”, é o clima de tensão associada a enorme expectativa no seio não só dos munícipes de I’bane, mas também do país em geral, relativamente a estas eleições, sobretudo da candidatura do Fernando Nhaca, do Movimento Democrático de Moçambique, (MDM), terceira força política em Moçambique, que pela primeira vez participa em eleições autárquicas na região sul do país, conhecida como bastião do partido no poder - FRELIMO.
Após o MDM vencer as eleições intercalares de Dezembro (2011), pelo município de Quelimane, naquela que era conhecida como a maior disputa entre os dois partidos acima mencionados, já que as mesmas eleições realizaram-se também em Pemba (Cabo delgado) e Cuamba (Niassa), tendo nestes dois últimos municípios o partido FRELIMO vencido as eleições, fomos presenteados por fortes aplausos por parte dos simpatizantes do MDM naquela autarquia, que ao invés de festejarem por mais um dado acrescido na jovem democracia multipartidária moçambicana (alternância de poder), pelo contrário mostraram um desabafo rancoroso ao partido FRELIMO. Este comportamento deplorável, tende a alastrar-se no seio da “sociedade”, associada a alguns discursos aparentemente revolucionários, mas totalmente esvaziados, que poderão de alguma forma influenciar significativamente na decisão eleitoral em I’bane.
E por isso, diante deste cenário, gostava de lembrar a todos os eleitores do município de Inhambane, que no dia 18 (quarta-feira) se farão presentes as urnas, que votar é um acto de grande responsabilidade. Colocar o X no candidato fulano ou partido sicrano, é apenas um procedimento técnico, o mais importante é o compromisso que cada eleitor perante o partido ou candidato faz, em renunciar parte de seu poder e a ele delegar, para que este por sua vez possa tomar decisões e gerir os bens públicos em benefícios de todos. Entretanto, para que este compromisso tenha lugar, é necessário primeiro, que o programa apresentado pelo partido ou candidato englobe as principais questões ou problemas dessa sociedade, e segundo, é preciso que o eleitor sinta que as suas necessidades estão incluídas no conteúdo pragmático do partido/candidato. Portanto, o acto da votação para além de responsabilidade, exige acima de tudo racionalidade, ou seja, “eu só devo votar, se nos objectivos finais estiverem reservados os meus interesses pessoais”.  
Como se percebe, uma votação sábia e objectiva, não abre espaços para emoções, insegurança e muito menos hostilidades.
Com estas palavras, quero francamente apelar a todos os munícipes de I’bane a pautarem por um espírito racional no seu grau mais alto, dado que, os munícipes, melhor do que ninguém conhecem a realidade da autarquia e sabem também o que esta, quer para continuar nos carris do desenvolvimento. Não vou apelar ao eleitorado de I’bane, civismo tal como todos, incluindo as instituições eleitorais, o fazem, na medida em que não duvido do alto nível de civilização dos munícipes desta cidade, razão pela qual é mais limpa do país.
E sendo assim, à todo eleitorado de I’bane, imploro por maior racionalidade e responsabilidade no acto da votação, e lembrem-se ainda que, alternância de poder não implica qualidade de vida, e nem mudança, não implica necessariamente alternância no poder.