Qual seria a primeira impressão (pensamento ou
sentimento) que cada um teria se lhe pedissem para falar em poucas palavras de Moçambique?
No dia 02 de Outubro de 2011, publiquei um texto no Clube
dos Pequenos Escritores, que em forma de uma carta fazia algumas questões ao
Deus todo-poderoso, sobre o actual estágio da vida humana. Entre muitos,
motivou-me o factor incerteza sobre o futuro num contexto caracterizado
essencialmente por uma crescente desigualdade e injustiça sociais a nível
mundial. Obviamente não fi-lo esperando que Deus me desse uma resposta imediata,
mas sim na esperança de independentemente do meu veredicto obtivesse alguma satisfação.
Entretanto, para a minha surpresa, com o meu crescimento
que esperava que pudesse estar mais equipado com vista a enfrentar a vida com
sucesso, mais vai se alargando e aprofundando a incerteza, sobretudo no meio em
que vivo.
Não sei ao certo se eu é que me enganei, criando uma
imagem ilusória sobre a realidade do meu país, mas a verdade é que a cada dia
que passa esta pérola do Índico vai me presenteando espectáculos que já mais
desejaria assistir, pés embora gratuitos.
Por essas alturas, falar de Moçambique me pica o coração
tristemente.
Mesmo imbuído pelas teorias positivistas me é bastante
difícil pensar de tal forma, num cenário de tristeza, sofrimento, humilhação,
ofensas e mentiras quanto este moçambicano.
Não passam quatro semanas após ter publicado um texto por
ocasião da passagem de mais ano após os acordos de Roma, intitulado “21de
Paz, 21 anos de incerteza!”, eis que a incerteza efectivamente se faz
sentir, com ataques bélicos numa clara demonstração de instabilidade política e
talvez de retorno a guerra, cujos principais actores “curiosamente” alegam todos
eles defender o povo, porém no terreno o mesmo povo é a principal vítima. É realmente
engraçado, até parece loucura!
No mesmo território, enquanto os dirigentes políticos vão
entretendo populares com discursos de apelos a Paz, os seus subordinados vão
semeando terror e miséria ao mesmo povo.
Dentre tantas características que um dirigente político
deve possuir, a sensibilidade popular deve ser uma das principais, afinal de
contas estamos a falar de um gestor público. Qual é a razão de alguns
moçambicanos gozarem de mais liberdade e estabilidade que os outros? Qual foi a
culpa das populações de Gorongoza para passarem por todo este sofrimento? Qual
é o futuro daquelas crianças que foram forçadas a abandonar as carteiras da
escola por som de armas?
Não basta a criminalidade (sequestros), a corrupção, as doenças,
a prostituição, o desemprego que nos apunhalam por todos cantos do nosso
quintal? Que democracia é esta feita de armas, perseguições, intimidasses e
contra-críticas?
Pés embora considere a sociedade moçambicana bastante sensacionalista,
porém perante a réplica e quase que consensual sentimento de descontentamento
sobre a situação do país, não há dúvidas de que realmente alguma coisa não está
boa!
E portanto é chegada a hora de alguma reacção por parte
do legítimo detentor do poder, o povo. Toda gente fala, mas faz absolutamente
nada. Se realmente somos democráticos ou ao menos pretendemos ser, temos que agir,
caso contrário o poço da miséria vai se aprofundar.
Usemos e abusemos de todos meios legais que dispomos para
exigirmos o que é digno de homens: Paz e Tranquilidade. Não deixemos que egoísmo
e teimosia de algumas pessoas dêem rumo infeliz a uma maioria.
Que as tantas organizações da sociedade civil, partidos políticos
e diferentes actores sociais sirvam e falem pelo povo ao menos uma vez. Que o
medo e a chantagem sejam transformados em coragem e sentimento nacionalista de
um Moçambique próspero e livre de política obscura.
Viva a Paz, viva povo moçambicano de Rovuma ao Maputo, do
Índico ao Zumbo, viva liberdade e prosperidade.