Comemora-se hoje mundialmente, 1º de Maio, o dia
trabalhador, 123 anos depois da indicação desta data. Segundo o site Expresso Emprego, esta efeméride, deve-se ao facto de no dia 1 de Maio de 1986,
quinhentos mil trabalhadores terem saído às ruas de Chicago, nos Estados
Unidos, em manifestação pacífica, exigindo a redução da jornada para oito horas
de trabalho e na sequência disso, a polícia teria reprimido a manifestação,
dispersando a concentração, depois de ferir e matar dezenas de operários.
Entretanto, depois de sucessivas, em 1889, o Congresso Operário Internacional,
reunido em Paris, decretou o 1º de Maio, como o Dia Internacional dos Trabalhadores.
Em Moçambique, de acordo com Wikipedia, durante o período
colonial (até 1975), os moçambicanos estavam proibidos de celebrar o 1º de Maio
em virtude da natureza repressiva do regime colonial português. No entanto,
houve manifestações de trabalhadores moçambicanos, em particular em Lourenço
Marques (actual Maputo), contra o modo de relações laborais existente naquele
período e como resultado disso, após a Independência Nacional, o Dia do
Trabalhador é celebrado anualmente, sendo que com o passar dos anos, com as
reformas políticas, económicas e sociais que o país sofreu a partir de finais
da década de 80, registou-se um crescimento do movimento sindical em
Moçambique. A primeira instituição sindical no país foi a Organização dos
Trabalhadores Moçambicanos (OTM), que veio depois a impulsionar o surgimento de
novos movimentos sindicais, cada vez mais específicos de acordo com os sectores
de actividade.
Mas será que os milhares de trabalhadores moçambicanos
celebram condignamente esta data? A realidade do trabalhador manda me dizer que
não! Prova disso são os salários auferidos pela maioria esmagadora da classe
trabalhadora, onde o salário mínimo actual é de 2.300 meticais (cerca de 852
dólares ao cambio corrente), valor pago nos sectores da pecuária, caça,
silvicultura e agricultura, este último sector, incrivelmente conhecido como a
base do desenvolvimento do país.
Com o actual salário de muitos trabalhadores em
Moçambique, não há dúvidas, de que a qualidade de vida para muitos tende a
complicar-se, devido ao alto custo de vida, associado a importação de quase
todos produtos básicos para satisfação das necessidades.
Para além desta questão dos baixos
salários, temos o problema do não cumprimento dos direitos do trabalhador, seja
pelo Estado, como também por parte de algumas entidades patronais. Hoje,
durante os festejos desta efeméride, assistimos como é habitual a exibição de
dísticos reflectindo o sentimento da classe trabalhadora, que se manifesta
entre outros aspectos, pedindo melhores condições de trabalho. Contudo, após o
1º de Maio passar, a situação continua a mesma. O salário magro, jornadas de
trabalho acima de 8 horas (particularmente no sector de segurança),
indemnizações não pagas (caso dos antigos trabalhadores moçambicanos na ex -
RDA), trabalhos sem contracto, violência, descriminação, etc. Mas, como por cá se
diz, “assim o país vai”.
Contudo, mesmo diante desta difícil situação, eu tenho esperança, mesmo no fim túnel, de um 1º
de Maio, sem lamentações, nem desgostos, mas sim de muita festa e satisfação
para todos trabalhadores do meu amado Moçambique.
Feliz dia do trabalhador a todos