Empreendedorismo & Activismo Social

terça-feira, 1 de maio de 2012

1º de Maio: um olhar sobre a situação actual do trabalhador moçambicano


Comemora-se hoje mundialmente, 1º de Maio, o dia trabalhador, 123 anos depois da indicação desta data. Segundo o site Expresso Emprego, esta efeméride, deve-se ao facto de no dia 1 de Maio de 1986, quinhentos mil trabalhadores terem saído às ruas de Chicago, nos Estados Unidos, em manifestação pacífica, exigindo a redução da jornada para oito horas de trabalho e na sequência disso, a polícia teria reprimido a manifestação, dispersando a concentração, depois de ferir e matar dezenas de operários. Entretanto, depois de sucessivas, em 1889, o Congresso Operário Internacional, reunido em Paris, decretou o 1º de Maio, como o Dia Internacional dos Trabalhadores.
Em Moçambique, de acordo com Wikipedia, durante o período colonial (até 1975), os moçambicanos estavam proibidos de celebrar o 1º de Maio em virtude da natureza repressiva do regime colonial português. No entanto, houve manifestações de trabalhadores moçambicanos, em particular em Lourenço Marques (actual Maputo), contra o modo de relações laborais existente naquele período e como resultado disso, após a Independência Nacional, o Dia do Trabalhador é celebrado anualmente, sendo que com o passar dos anos, com as reformas políticas, económicas e sociais que o país sofreu a partir de finais da década de 80, registou-se um crescimento do movimento sindical em Moçambique. A primeira instituição sindical no país foi a Organização dos Trabalhadores Moçambicanos (OTM), que veio depois a impulsionar o surgimento de novos movimentos sindicais, cada vez mais específicos de acordo com os sectores de actividade.
Mas será que os milhares de trabalhadores moçambicanos celebram condignamente esta data? A realidade do trabalhador manda me dizer que não! Prova disso são os salários auferidos pela maioria esmagadora da classe trabalhadora, onde o salário mínimo actual é de 2.300 meticais (cerca de 852 dólares ao cambio corrente), valor pago nos sectores da pecuária, caça, silvicultura e agricultura, este último sector, incrivelmente conhecido como a base do desenvolvimento do país.
Com o actual salário de muitos trabalhadores em Moçambique, não há dúvidas, de que a qualidade de vida para muitos tende a complicar-se, devido ao alto custo de vida, associado a importação de quase todos produtos básicos para satisfação das necessidades.
Para além desta questão dos baixos salários, temos o problema do não cumprimento dos direitos do trabalhador, seja pelo Estado, como também por parte de algumas entidades patronais. Hoje, durante os festejos desta efeméride, assistimos como é habitual a exibição de dísticos reflectindo o sentimento da classe trabalhadora, que se manifesta entre outros aspectos, pedindo melhores condições de trabalho. Contudo, após o 1º de Maio passar, a situação continua a mesma. O salário magro, jornadas de trabalho acima de 8 horas (particularmente no sector de segurança), indemnizações não pagas (caso dos antigos trabalhadores moçambicanos na ex - RDA), trabalhos sem contracto, violência, descriminação, etc. Mas, como por  se diz, “assim o país vai”.
Contudo, mesmo diante desta difícil situação, eu tenho esperança, mesmo no fim túnel, de um 1º de Maio, sem lamentações, nem desgostos, mas sim de muita festa e satisfação para todos trabalhadores do meu amado Moçambique.
Feliz dia do trabalhador a todos