É já na
próxima quarta-feira, dia 18 de Abril, que os munícipes da cidade de Inhambane,
capital da província com o mesmo nome, vão escolher o presidente que dará
procedimento à gestão da autarquia nos próximos dois anos, na sequência da
morte, vítima de doença de Lourenço Macule, em Dezembro último, que vinha
dirigindo o Município desde 2008. Concorrem para escrutínio, Benedito Guimino,
pelo partido FRELIMO e Fernando Nhaca, pelo Movimento Democrático de Moçambique
(MDM).
Inicialmente eu ia publicar um artigo com o título “Eleições intercalares no município de
Inhambane: vale a pena votar no MDM?”, mas por motivos que não importa aqui
fazer referência, desisti. Entretanto, não podia deixar este momento bastante
decisivo para a cidade que acompanhou parte do meu crescimento, sem poder
opinar, comentar ou deixar um alerta aos eleitores de I’bane e a todos que
acompanham atentamente este processo.
A principal
razão deste pequeno comentário ou alerta intitulado “Uma palavra de ordem aos
munícipes de Inhambane”, é o
clima de tensão associada a enorme expectativa no seio não só dos munícipes de
I’bane, mas também do país em geral, relativamente a estas eleições, sobretudo
da candidatura do Fernando Nhaca, do Movimento Democrático de Moçambique,
(MDM), terceira força política em Moçambique, que pela primeira vez participa
em eleições autárquicas na região sul do país, conhecida como bastião do partido
no poder - FRELIMO.
Após o MDM
vencer as eleições intercalares de Dezembro (2011), pelo município de
Quelimane, naquela que era conhecida como a maior disputa entre os dois
partidos acima mencionados, já que as mesmas eleições realizaram-se também em Pemba
(Cabo delgado) e Cuamba (Niassa), tendo nestes dois últimos municípios o
partido FRELIMO vencido as eleições, fomos presenteados por fortes aplausos por
parte dos simpatizantes do MDM naquela autarquia, que ao invés de festejarem
por mais um dado acrescido na jovem democracia multipartidária moçambicana
(alternância de poder), pelo contrário mostraram um desabafo rancoroso ao
partido FRELIMO. Este comportamento deplorável, tende a alastrar-se no seio da
“sociedade”, associada a alguns discursos aparentemente revolucionários, mas
totalmente esvaziados, que poderão de alguma forma influenciar
significativamente na decisão eleitoral em I’bane.
E por isso,
diante deste cenário, gostava de lembrar a todos os eleitores do município de
Inhambane, que no dia 18 (quarta-feira) se farão presentes as urnas, que votar
é um acto de grande responsabilidade. Colocar o X no candidato fulano ou
partido sicrano, é apenas um procedimento técnico, o mais importante é o compromisso
que cada eleitor perante o partido ou candidato faz, em renunciar parte de seu
poder e a ele delegar, para que este por sua vez possa tomar decisões e gerir
os bens públicos em benefícios de todos. Entretanto, para que este compromisso
tenha lugar, é necessário primeiro, que o programa apresentado pelo partido ou
candidato englobe as principais questões ou problemas dessa sociedade, e
segundo, é preciso que o eleitor sinta que as suas necessidades estão incluídas
no conteúdo pragmático do partido/candidato. Portanto, o acto da votação para
além de responsabilidade, exige acima de tudo racionalidade, ou seja, “eu só devo votar, se nos objectivos finais
estiverem reservados os meus interesses pessoais”.
Como se
percebe, uma votação sábia e objectiva, não abre espaços para emoções,
insegurança e muito menos hostilidades.
Com estas
palavras, quero francamente apelar a todos os munícipes de I’bane a pautarem
por um espírito racional no seu grau mais alto, dado que, os munícipes, melhor
do que ninguém conhecem a realidade da autarquia e sabem também o que esta,
quer para continuar nos carris do desenvolvimento. Não vou apelar ao eleitorado
de I’bane, civismo tal como todos,
incluindo as instituições eleitorais, o fazem, na medida em que não duvido do
alto nível de civilização dos munícipes desta cidade, razão pela qual é mais
limpa do país.
E sendo
assim, à todo eleitorado de I’bane, imploro por maior racionalidade e
responsabilidade no acto da votação, e lembrem-se ainda que, alternância de
poder não implica qualidade de vida, e nem mudança, não implica necessariamente
alternância no poder.