Empreendedorismo & Activismo Social

domingo, 26 de julho de 2015

Perdoe me Pai!


Lhe faço este pequeno escrito de uma região chamada Moçambique, situada na costa sul oriental, de um continente denominado África. Desfrutando de uma paz e tranquilidade invejáveis, pois recebo relatos de regiões/países onde o roncar das armas fala mais alto que a harmonia e o entendimento entre crias suas, que enganados pelo diabo lutam entre si colocando em risco o maior dom divino, a vida.
Em plena tarde do seu dia sagrado, me encontro sentado numa cadeira rolante, frente uma máquina denominada PC (Personal Computer), inteligentemente inventada pelo Homem. Acompanhado de uma chávena de café, para espantar o frio que hoje se faz sentir e de uma música ao meu perfeito gosto.
Estou sentado, porque efectivamente consigo me levantar. Lhe escrevo usando o meu personal computer porque tive a oportunidade de aprender a usar este dispositivo e ainda tenho os devidos membros (dedos) para o efeito. Escutando música porque felizmente posso ouvir. Parei um instante para receber uma chamada de um amigo por meio de um dispositivo chamado telefone móvel que pretendia saudar-me, pude não só ouvi-lo mas também falar, pois felizmente sei falar e rimos, dado que temos mais motivos para rir que para o contrário.
Me encontro, sacio na medida em que tive alimentação não somente para enganar meu faminto estômago, mas sobretudo condigna, na verdade para lhe ser sincero, mesmo envergonhado disso, nunca passei fome. Em menos de 12 horas de tempo, estarei no meu local de trabalho onde mais do que contribuir com o pouco que sei, aprendo a saber fazer e a criar novas relações humanas. Vou ao trabalho porque felizmente sou empregado.
Enquanto lhe escrevo, da minha lista musical, tocou uma das minhas músicas preferidas, levantei e dancei. O fiz sem dificuldades, pois possuo as minhas duas pernas. Não me entristeço quando alguém procura saber dos meus pais, pois ainda os tenho vivos.
Posso dizer mano ou mana te amo, porque felizmente os tenho. Há dois dias atrás recebi um convite especial de um amigo a participar de uma cerimónia muito importante sua. Fui por ele escolhido, porque realmente sou um amigo, e igual a ele tenho muitos que comigo partilham suas vidas. A última vez que estive em um hospital, visitava um ente querido, pelo que gozo de uma saúde única e simplesmente perfeita. Tive não só oportunidade de aprender a escrever e ler, mas também de alcançar um nível académico suficientemente bom.
Faço estas (acima mencionadas) e muitas outras coisas porque estou efectivamente vivo. O pai ainda me concede muitas chances de puder fazer valer o maior dom do universo, a vida. Peço perdão, simplesmente porque sou ingrato.
Sou tão ingrato que várias vezes me vejo reclamando da minha vida como se tivesse algo maior que “ela”, enquanto diversos cemitérios espalhados por esta terra, se enterram corpos de pessoas que fariam qualquer coisa para estar no meu lugar. Reclamo do meu governo, que felizmente tenho, enquanto certas comunidades se encontram desgovernadas e sem rumo, depois que seus líderes se viram fazendo pactos com o diabo (ganância).    
Escrevo isto e poderei posteriormente publicar e partilhar com os demais próximos, pois meu país goza de liberdade de expressão, um grande “tabu” por certas partes deste mundo, onde milhares de vidas são interrompidas quando de diversas formas tentam se expressar.
Sou feliz, mas ignoro. Amo, mas não reconheço. Ao invés disso me escondo por de traz da sombra do espirito mau (orgulho e egoísmo), que enganosamente vai me tornando quadrado.
Me perdoe Pai, porque não honro minha família, meus amigos e todos meus próximos. Me perdoe, porque não sei conjugar o verbo amar na primeira pessoa praticando. Me perdoe Pai, porque várias vezes coloco pedras por cima da mensagem por si enviada por meio do seu filho Cristo, que felizmente tive a oportunidade de receber.    
Me perdoe por não saber dizer Obrigado. Um simples obrigado, pela vida, pela família, pela alimentação, pela companhia, pela saúde, pelo vestuário, pelo transporte, pelo trabalho, pela criactividade, pelos projectos, enfim, por este mundo maravilhoso que me rodela.
Me perdoe Pai!