Lhe faço este pequeno escrito de uma região chamada Moçambique,
situada na costa sul oriental, de um continente denominado África. Desfrutando de
uma paz e tranquilidade invejáveis, pois recebo relatos de regiões/países onde
o roncar das armas fala mais alto que a harmonia e o entendimento entre crias
suas, que enganados pelo diabo lutam entre si colocando em risco o maior dom
divino, a vida.
Em plena tarde do seu dia sagrado, me encontro sentado
numa cadeira rolante, frente uma máquina denominada PC (Personal Computer), inteligentemente
inventada pelo Homem. Acompanhado de uma chávena de café, para espantar o frio
que hoje se faz sentir e de uma música ao meu perfeito gosto.
Estou sentado, porque efectivamente consigo me levantar. Lhe
escrevo usando o meu personal computer porque tive a oportunidade de aprender a
usar este dispositivo e ainda tenho os devidos membros (dedos) para o efeito. Escutando
música porque felizmente posso ouvir. Parei um instante para receber uma
chamada de um amigo por meio de um dispositivo chamado telefone móvel que
pretendia saudar-me, pude não só ouvi-lo mas também falar, pois felizmente sei
falar e rimos, dado que temos mais motivos para rir que para o contrário.
Me encontro, sacio na medida em que tive alimentação não somente
para enganar meu faminto estômago, mas sobretudo condigna, na verdade para lhe
ser sincero, mesmo envergonhado disso, nunca passei fome. Em menos de 12 horas
de tempo, estarei no meu local de trabalho onde mais do que contribuir com o
pouco que sei, aprendo a saber fazer e a criar novas relações humanas. Vou ao
trabalho porque felizmente sou empregado.
Enquanto lhe escrevo, da minha lista musical, tocou uma
das minhas músicas preferidas, levantei e dancei. O fiz sem dificuldades, pois
possuo as minhas duas pernas. Não me entristeço quando alguém procura saber dos
meus pais, pois ainda os tenho vivos.
Posso dizer mano ou mana te amo, porque felizmente os
tenho. Há dois dias atrás recebi um convite especial de um amigo a participar
de uma cerimónia muito importante sua. Fui por ele escolhido, porque realmente sou
um amigo, e igual a ele tenho muitos que comigo partilham suas vidas. A última
vez que estive em um hospital, visitava um ente querido, pelo que gozo de uma
saúde única e simplesmente perfeita. Tive não só oportunidade de aprender a
escrever e ler, mas também de alcançar um nível académico suficientemente bom.
Faço estas (acima mencionadas) e muitas outras coisas
porque estou efectivamente vivo. O pai ainda me concede muitas chances de puder
fazer valer o maior dom do universo, a vida. Peço perdão, simplesmente porque
sou ingrato.
Sou tão ingrato que várias vezes me vejo reclamando da
minha vida como se tivesse algo maior que “ela”, enquanto diversos cemitérios espalhados
por esta terra, se enterram corpos de pessoas que fariam qualquer coisa para
estar no meu lugar. Reclamo do meu governo, que felizmente tenho, enquanto
certas comunidades se encontram desgovernadas e sem rumo, depois que seus
líderes se viram fazendo pactos com o diabo (ganância).
Escrevo isto e poderei posteriormente publicar e
partilhar com os demais próximos, pois meu país goza de liberdade de expressão,
um grande “tabu” por certas partes deste mundo, onde milhares de vidas são interrompidas
quando de diversas formas tentam se expressar.
Sou feliz, mas ignoro. Amo, mas não reconheço. Ao invés disso
me escondo por de traz da sombra do espirito mau (orgulho e egoísmo), que
enganosamente vai me tornando quadrado.
Me perdoe Pai, porque não honro minha família, meus
amigos e todos meus próximos. Me perdoe, porque não sei conjugar o verbo amar
na primeira pessoa praticando. Me perdoe Pai, porque várias vezes coloco pedras
por cima da mensagem por si enviada por meio do seu filho Cristo, que
felizmente tive a oportunidade de receber.
Me perdoe por não saber dizer Obrigado. Um simples
obrigado, pela vida, pela família, pela alimentação, pela companhia, pela saúde,
pelo vestuário, pelo transporte, pelo trabalho, pela criactividade, pelos
projectos, enfim, por este mundo maravilhoso que me rodela.
Me perdoe Pai!