sexta-feira, 19 de setembro de 2025

EMPRESARIADO DE ANGOLA E MOÇAMBIQUE EM LUTO

No passado dia 14 (Domingo), Angola recebeu a triste notícia da morte da empresária Áurea Machado, aos 42 anos, carinhosamente conhecida como “Rainha dos Porcos”. Visionária no ramo da suinocultura, dedicou-se com afinco à criação de porcos, à produção de carnes e aos seus derivados, deixando uma marca de inovação e coragem no setor agroindustrial.

E nesta quinta feira dia (18), Moçambique é surpreendido com a morte do gigante dos transportes, o político e empresário Amado Camal, aos 69 anos. Como político, destacou-se ao integrar a legislatura de Moçambique entre 1994 e 1999. Como empresário, tornou-se uma figura incontornável no setor dos transportes, sendo referência de visão, trabalho e perseverança.

Se por um lado Amado Camal simboliza a experiência acumulada ao longo de décadas de vida e dedicação, por outro, Áurea Machado representava a força do potencial e da ousadia empresarial.

Não se trata de uma perda apenas para Angola e Moçambique, mas para toda a África. Cabe à juventude dos dois países transformar em inspiração cada lição deixada por estas personalidades, garantindo que o seu legado seja replicado como prova viva de que o desenvolvimento econômico e o bem-estar de África dependem da continuidade do espírito empreendedor que ambos encarnaram.

quarta-feira, 27 de agosto de 2025

60ª EDIÇÃO DA FACIM


Decorre de 25 a 31 de agosto, a sexagésima edição da Feira Internacional de Maputo (FACIM), no distrito de Marracuene. Organizada pela Agência para a Promoção de Investimentos e Exportações (APIEX), este ano, a Feira realiza-se sob o lema “Promovendo a diversificação econômica rumo ao desenvolvimento sustentável e competitivo de Moçambique”.

O evento visa essencialmente promover produtos e serviços nacionais e internacionais, fomentar a troca de experiências empresariais e fortalecer parcerias estratégicas.

Num contexto em que a economia moçambicana tem enfrentado desafios relacionados a instabilidade e pobreza generalizada, este evento pode ter um impacto bastante positivo no ambiente de negócios, funcionando como uma plataforma de networking, visibilidade e estímulo à industrialização, inovação e diversificação.

Para os jovens, em particular, a FACIM representa uma oportunidade ímpar de desenvolver competências ligadas ao mundo dos negócios e à adaptação ao mercado global, além de possibilitar a criação de alianças estratégicas e até o acesso a potenciais linhas de financiamento, para além de constituir um espaço para buscar inspiração com vista a soluções a problemática do desemprego.

quinta-feira, 14 de agosto de 2025

DEPENDÊNCIA ECONÓMICA E ALTERNATIVAS SUSTENTÁVEIS

 

Um dos debates centrais sobre o desenvolvimento, no âmbito da economia política mundial, destaca o pensamento traduzido na teoria da modernização de Walter Rostow, segundo o qual, os países do Sul (exportadores com baixo nível de industrialização) podem alcançar o nível de desenvolvimento das nações do Centro-Norte, mais industrializadas e detentoras de tecnologia, desde que sigam as etapas de crescimento económico, baseadas na exportação de matérias-primas (minérios, produtos agrícolas, petróleo, etc.) e na importação de bens industrializados e tecnologia.

Este pensamento encontra sustento na doutrina do liberalismo económico, apoiada nas ideias de Adam Smith e David Ricardo, segundo a qual cada país deve especializar-se naquilo em que possui vantagens comparativas. Nesse modelo, o Sul fornece matérias-primas, enquanto o Norte produz manufaturas, permitindo uma troca livre no comércio internacional trazendo benefícios mútuos e maior eficiência global.

Em contraposição a esta perspetiva liberal, vários economistas e sociólogos consideram tal relação comercial injusta e desigual, enquadrando-a na chamada teoria da dependência. Para estes, enquanto o comércio internacional se basear em vantagens comparativas assimétricas, dificilmente haverá equilíbrio ou benefícios recíprocos. Pelo contrário, esta dinâmica tende a perpetuar a dependência do Sul, fragilizando a sua capacidade de desenvolvimento e conduzindo a crises sociais e políticas internas. Assim, a promessa de crescimento económico e de desenvolvimento sustentada por relações comerciais de dependência não passa, para muitos, de uma miragem distante. Ou seja, não se trata, portanto, apenas de alguns países avançarem enquanto outros permanecem estagnados, mas, sobretudo, de o crescimento de alguns resultar diretamente da estagnação de outros.

Nos últimos tempos, tem ganho destaque uma proposta inovadora: a possibilidade de trocar parte da dívida soberana dos países por créditos de carbono. Este mecanismo, em expansão sobretudo em países africanos com vasta cobertura florestal e biodiversidade, funciona da seguinte forma: um credor — seja um país, ou uma organizações como  o FMI ou o Banco Mundial — perdoam parte da dívida que o país devedor possui, e, em contrapartida, este compromete-se a conservar florestas, investir em energias limpas e desenvolver projetos ambientais que gerem créditos de carbono comercializáveis no mercado internacional.

Reconhecendo a relação comercial desigual entre o Ocidente e os países do Sul — que frequentemente impõe condições desfavoráveis a estes últimos — encontro neste mecanismo algumas vantagens. Em primeiro lugar, a redução natural do peso da dívida. Em segundo, a preservação dos recursos naturais, especialmente das florestas e recursos marinhos, atualmente explorados de forma descontrolada.

Ainda que não assumida oficialmente, a relação comercial global permanece marcada pela dependência. Países como Moçambique são, muitas vezes de forma deliberada, colocados em situação de vulnerabilidade através de imposições políticas que limitam o espaço para o desenvolvimento tecnológico interno. É sintomático que se destinem vultosos financiamentos para programas de combate à fome ou a doenças, mas muito pouco para áreas de inovação tecnológica ou industrialização.

A conversão de dívida em programas de preservação ambiental poderá, no mínimo, reforçar mecanismos de controlo para uma exploração sustentável dos recursos nacionais, criando oportunidades para uma gestão mais disciplinada e transparente por parte do governo, no que diz respeito ao aproveitamento dos recursos naturais.

No final, talvez valha a pena garantir pelo menos “um pássaro na mão” em vez de deixar “muitos a voarem".

quinta-feira, 7 de agosto de 2025

O CAMINHO DA VITÓRIA NÃO TEM PLANO B


Em 1519, o conquistador espanhol Hernán Cortés desembarcou no atual México com cerca de 600 homens, determinado a conquistar o poderoso Império Asteca. Contudo, ao perceberem que o inimigo era numeroso e conhecia bem o território, instalou-se um clima de tensão entre seus soldados. Alguns já cogitavam a ideia de recuar.

Cortés, ciente de que a única chance de vitória exigia entrega total, tomou uma decisão radical: ordenou que todos os navios fossem queimados. Com isso, eliminou qualquer possibilidade de retorno. Ou venciam... ou morriam.

Sem plano B, seus homens entenderam que o único caminho era seguir em frente. Lutaram com coragem, determinação e foco absoluto. Contra todas as probabilidades, conquistaram a vitória.

*Muitas vezes, a existência do plano B reduz nossa capacidade de lutar com todas forças e entrega total. Quando deixamos aberta a porta da desistência, hesitamos. Mas quando simbolicamente “queimamos os navios” tal como Cortés o fez, nos comprometemos com a causa, com o sonho, com a missão.

Grandes conquistas exigem coragem para eliminar a opção de recuar. Viva cada jornada como se fosse última e como se tudo dependesse dela. *

quarta-feira, 30 de julho de 2025

O PREÇO DA IMPRUDÊNCIA NAS ESTRADAS DE MAPUTO E MATOLA


Nos últimos dias, a região metropolitana de Maputo tem sido palco de um aumento preocupante de acidentes de viação, com destaque para os que envolvem transportadores semi-colectivos, sendo a principal causa: imprudência e constantes violações das regras de trânsito. Os resultados são, na maioria das vezes, trágicos: vítimas mortais, traumas irreparáveis, destruição de meios de transporte e de infraestruturas públicas e privadas.

A ocorrência desses sinistros evidencia um comportamento alarmante caracterizado por desrespeito às normas, revelando a arrogância e a falta de civismo de muitos condutores. Soma-se a isso a inoperância e aparente impunidade por parte das autoridades competentes, responsáveis por regular o trânsito e fiscalizar os serviços de transporte de pessoas e bens.

As estradas de Maputo e Matola transformaram-se em verdadeiros campos de batalha, onde o sangue e a morte já não causam espanto. Essas batalhas são protagonizadas, na sua maioria, por jovens condutores sem qualificação para o transporte público, cuja conduta revela desprezo pela lei e pela vida humana. Não raras vezes, apresentam atitudes e comportamentos que fazem lembrar o caos vivido nas manifestações pós-eleitorais em Moçambique.

Por um lado, esses condutores tratam as estradas e a vida dos passageiros como brinquedos. Por outro, temos autoridades que parecem incapazes de restabelecer a ordem, desde as associações de transporte, cuja utilidade permanece obscura, até os órgãos fiscalizadores, que pouco intervêm para corrigir desvios.

Mas também, muitas vezes, os próprios passageiros tornam-se cúmplices ao tolerar ou incentivar manobras perigosas em virtude de agendas apressadas.

Até quando continuaremos indiferentes a essa triste e alarmante realidade? Amanhã, a vítima pode ser qualquer um de nós. É urgente repensar o sistema de transporte de passageiros na zona metropolitana de Maputo e Matola. A responsabilidade do Estado de assegurar um transporte público seguro e digno não pode ser delegada a prestadores indisciplinados e irresponsáveis. O silêncio e a indiferença estão a nos custar vidas.

quinta-feira, 11 de julho de 2024

SEPARAÇÃO DE PODERES: UMA DAS PREMISSAS PARA LEGITIMAR O PODER NO POVO

 

No decurso das conversas habituais do “Atelier filosófico”, que este ano têm como tema “Democracia e Separação de poderes: o ponto de vista da sociologia política”, teve lugar na passada quarta-feira (10), na Fundação Leite Couto, em Maputo, mais uma sessão presidida pelo Professor Doutor Lucca Bussati e coordenada pelo Professor e filosofo Severino Ngoenha.

De acordo com orador, a tentativa de separar a política das outras esferas, quase que teria surtido efeito no passado, mas foi interrompida com a ascensão do Capitalismo, que veio colocar a política e economia praticamente no mesmo caminho, sendo que em países como Moçambique, onde a elite política é ao mesmo tempo económica, a linha de separação entre estas esferas é quase invisível, traduzindo-se muitas vezes em conflitos de interesse, que tem como consequência, má qualidade dos serviços prestados ao cidadão.

A não separação de poderes tem o seu impacto igualmente no exercício democrático. Desde as eleições de 2004 os pleitos eleitorais têm sido caracterizados por abstenções significativas, o que levanta sérias questões sobre a legitimidade dos resultados ou dos eleitos.  

Lucca, destacou ainda a cultura política dos partidos políticos em Moçambique, caracterizados por pensamentos desalinhados a agenda pública, onde os interesses daquele que manda estão acima do legítimo detentor do poder, o povo.

O atelier filosófico é um espaço de reflexão e análise de fenómenos sociais e políticos, em busca de soluções correctivas aos desafios da sociedade política actual.

   

segunda-feira, 4 de dezembro de 2023

Greta Thumberg

 

Os efeitos das mudanças climáticas no mundo e em Moçambique de forma particular são inegavelmente reais. Um pouco por todo o país, regista-se uma subida significativa da temperatura, causando um calor intenso.

Como parte da nossa contribuição nesta luta contra as alterações climáticas, trazemos hoje um exemplo extraordinário de activismo em prol do ambiente, Greta Thumberg.

Uma activista ambiental nascida em Estocolmo, Suécia aos 03 de Janeiro de 2003. Conhecida internacionalmente pelos seus protestos exigindo uma tomada de medidas por parte da comunidade internacional para evitar o aquecimento global. O seu activismo à favor do meio ambiente, começou em 2011 quando ela tinha apenas oito anos de idade, tendo maior ímpeto em 2018, quando decidiu faltar as aulas em todas sextas-feiras, para se dirigir a porta do parlamento sueco, a exigir tomada de medidas efectivas contra as mudanças climáticas.

Carregando consigo uma placa com escrita “Skolstrejk for klimatet” significando “greve escolar pelo clima”, conseguiu impactar positivamente a comunidade global, tendo sido convidada a discursar em eventos importantes tais como: Fórum Económico e Social Europeu; Parlamento Europeu; Parlamento Britânico; Cúpula do Clima da ONU, Conferencia das Nações Unidas pelas Mudanças Climáticas (COP24) e outros.

Greta foi indicada ao prémio Nobel da PAZ em duas ocasiões e em 2019 eleita uma das 100 personalidades mais influentes do mundo.


“Eu acho que o mundo precisa de mais pessoas que se importam e que possam fazer a diferença” 
Greta Thumberg – Netflix- De que é feito um líder. 


EMPRESARIADO DE ANGOLA E MOÇAMBIQUE EM LUTO

No passado dia 14 (Domingo), Angola recebeu a triste notícia da morte da empresária Áurea Machado, aos 42 anos, carinhosamente conhecida com...