Já tenho aproximadamente um ano após ter terminado o
ensino superior. Aquele dia tinha sido extraordinariamente fantástico. Depois
que ingressei na Universidade, nunca tinha estado tão feliz como naquele dia, quando
fiquei sabendo que me tornara licenciado. Que sonho! Eh, sonho mesmo. Alguém no
passado me dissera que “aquilo” hoje “isto”, era coisa de gente rica!
Kakakaka!!!
Não tirei lágrimas só porque acho que é coisa de fracos, mas
também, digo graças a Deus por não o ter feito, pois me deixariam meio sem
graça agora. Contudo, francamente falando, a emoção era tanta que por algum
momento senti-me perfeito e “super man”.
Entretanto, se por um lado, aquele momento revela-se
fascinante e profundamente alegre, por outro, marcava o início de uma longa e
violenta guerra. E na sequência, nos dias que seguiram, o meu campo de acção
foi se alargando de forma crescente, registando-se por consequência o meu fraco
domínio pelo mesmo, agravado pelas enormes expectativas que fui alimentando
durante a vida, sobretudo na minha formação superior que revelam-se por sua vez
frustradas.
Nunca fui amigo do jornal. Eh! Esses tipos aqui me
habituaram a contraditos e futilidades, e falta de transparência quando tratam
de assuntos sérios sobretudo políticos. Porém, depois que me “formei” passei a me
aproximar dele, não tanto para leitura integral, apenas procurando aquela
página de anúncios sobre vagas de emprego e uma vez a outra quando me desse
vontade atirava o olhar à actualidade internacional, única parte informativa
nos jornais moçambicanos que aprecio, pés embora grosso da informação ali
publicada seja copiada sem citação dos legítimos autores, com ou sem autorização,
isso é que não sei dizer, mas já que estamos no país do “Pandza” deixemos para lá.
Porém, a verdade é que realmente as coisas por cá não
estão nada boas. Dizem que não há emprego em Moçambique. Serio? Yah, não há
emprego em Moçambique. Não será pelo curso? Não pah, não emprego em Moçambique.
Não é verdade, é devido a tua cor de pele, sexo, teu estatuto social, religião,
ou coisa parecida? Não man, não há emprego em Moçambique. Oh! Puf! Tsk! Mas
será?
Sentado em frente a tela do meu personal computer (PC), derrepente
uma chamada de um velho amigo que partilhava o mesmo sofrimento. Depois das
nossas piadinhas esvaziadas, eis que ele me recomenda para procurar o jornal do
dia, dando conta da existência de algumas vagas numa das instituições algures.
Hah! Zash! Eis aqui uma vaga para mim. Fogo! Que me***,
dizem que o candidato deve ter pelo menos cinco anos de experiência, de
preferência naquela área de trabalho.
Mas, mas, … eu nunca trabalhei! Eu sou recém-formado. Procuro
meu primeiro emprego, depois de 16 anos consecutivos de carteira man! Entendes
isso? 16 anos sentado na carteira ouvindo e seguindo ordens de professores,
alguns bons, outros nem tanto, chatos e outros ainda corruptos. E tu vais me
dizer que não tenho direito de emprego pelo facto de não ter trabalhado ainda! Ao
me perceber e sentir que realmente as coisas por cá não estão nada simpáticas,
começo a enlouquecer!
Afinal o que realmente os empregadores procuram? Eficácia
e qualidade no trabalho ou apenas experiencia profissional? Será que aqueles
que apresentam um perfil profissional mais rico curricularmente, detêm consigo também
qualidade profissional? Não digo, nem sugiro que a experiência não sege
requisito, porém não deve ser principal. Sou da opinião que os recrutadores
disponham de ferramentas analíticas que possam avaliar o que o candidato está
em altura de fazer no momento e não o que tenham feito anteriormente.
Nem mesmo as instituições de formação técnica ensinam tudo
o que os seus instruendos deverão fazer, o essencial aprende-se no local de
trabalho, pois o mais importante é a capacidade do “indivíduo” em poder ser um
bom profissional.
Bem, retiro o que acabo de afirmar, estava nervoso, mas a
verdade é que as coisas por cá não estão nada boas! Não há emprego em Moçambique. Até amanha diário.