A tarde do dia de ontem foi brindada por uma chamada
telefónica solicitando-me a uma entrevista numa das instituições de gestão privada
por aqui na cidade das acácias (Maputo). Pés embora feliz por ter sido chamado,
estava muito tenso e meio desorientado, afinal de contas tratava-se da minha
primeira entrevista profissional. Não sabia direito o que me esperava, apenas
imaginava alguém fazendo um frente a frente comigo interrogando-me como se de “prisioneiro”
eu tratasse tal como acontecia na faculdade. Depois de consultar digitalmente
algumas dicas sobre entrevistas de emprego liguei para um amigo pedindo ajuda,
mas ainda continuava inquieto.
Muitas eram as questões que me vinham a cabeça! Desde a indumentária
até a minha postura como pessoa. Ah! Disseram-me que devia me “vestir bem”. Nada
de calças Jeans, camiseta, sapatilhas,
porque aquilo era coisa séria. Esh! Mas, eu sempre me vesti assim, inclusive
quando estava estudar. Será que a escola não era coisa séria? Contudo, se até
alguns dos colegas da faculdade que tinham cabelos rastas, brincos e piercings, já haviam tirado tudo, quem era eu
para fugir da regra, afinal de contas era “pegar ou largar”.
Senti me bastante ridículo, porém “que ia fazer” apenas
devia me adaptar a aquela forma de vestir, que por sinal seria para sempre, sapatos, calças de pano, camisa lisa e com as fraldas dentro das próprias calças,
“oh… que…!”.
Entretanto, para além de todo esse cenário confuso, tinha
algo mais grave em tudo naquilo. Não tinha conhecimento das especificidades da
vaga que me candidatara. Engraçado nem? Yah! A razão para tal é que enviara o
curriculum vitae (CV) electronicamente e me esquecera de arquiva-lo, tendo
posteriormente apagado. E para agravar a situação teria usado um correio
electrónico sem definições para guardar mensagens enviadas. Estava realmente
ferrado!
O momento para conversa com o entrevistador aproximava-se,
contudo, nem mesmo as características do local e o tipo de trabalhos ali
realizados foram suficientes para me lembrar da vaga para a qual me
candidatara. Aquilo me deixava louco e cada vez mais tenso, mas não desisti,
felizmente tenho a expressão “Never Give Up” na ponta da língua.
Instantes depois estava lá eu e o entrevistador. A
conversa não era tão técnica como imaginara, não passando de um simples diálogo
de duas pessoas cujos interesses eram contrários. Por um lado, um, procurava
conhecer o ser, o estar e acima de tudo e saber fazer do outro e na sequência, este
fazia de tudo para ser e superar as expectativas daquele, por outro lado.
Bem! Prefiro nem detalhar, foi uma grande vergonha. Estava
patético de mais pah. A cada pergunta feita mergulha em ditos e contraditos,
ora metia os pés no lugar das mãos e vice-versa. Foi simplesmente
decepcionante! Saí de lá completamente em baixo, com os meus 16 anos de
carteira reduzidos a nada. Não conseguia perceber porque foi tão difícil responder
questões tão simples quanto aquelas. Minha vontade após aquilo era de nunca
mais estar a frente de um entrevistador, o que em outras palavras queria dizer
desemprego vitalício, salvo se eu conseguisse “falar como homem” alimentando um
desses cabritos amarados nessas instituições. Disseram-me que ligariam depois,
mas eu sabia que não aconteceria! “Muita falta de sinceridade por parte desses
tipos, tsk”!
Foi chato, no entanto a nível de aprendizagem valeu a
pena, deu para tirar algumas lições, desde a minha organização até aos pequenos
detalhes aparentemente insignificantes mas que no momento ditam as regras de
jogo. Aprendi também que não vale a pena alindar o Curriculum Vitae de mentiras,
pelo que pode ser extremamente constrangedor.
Entretanto, não importa o facto de ser novato nesta
guerra, interessa sim a minha coragem, perseverança e acima de tudo atitude
nisto tudo. Por tanto, de cabeça erguida sigo!