A
ocorrência desses sinistros evidencia um comportamento alarmante caracterizado
por desrespeito às normas, revelando a arrogância e a falta de civismo de
muitos condutores. Soma-se a isso a inoperância e aparente impunidade por parte
das autoridades competentes, responsáveis por regular o trânsito e fiscalizar
os serviços de transporte de pessoas e bens.
As
estradas de Maputo e Matola transformaram-se em verdadeiros campos de batalha,
onde o sangue e a morte já não causam espanto. Essas batalhas são
protagonizadas, na sua maioria, por jovens condutores sem qualificação para o
transporte público, cuja conduta revela desprezo pela lei e pela vida humana.
Não raras vezes, apresentam atitudes e comportamentos que fazem lembrar o caos
vivido nas manifestações pós-eleitorais em Moçambique.
Por
um lado, esses condutores tratam as estradas e a vida dos passageiros como
brinquedos. Por outro, temos autoridades que parecem incapazes de restabelecer
a ordem, desde as associações de transporte, cuja utilidade permanece obscura,
até os órgãos fiscalizadores, que pouco intervêm para corrigir desvios.
Mas também, muitas vezes, os próprios passageiros tornam-se cúmplices ao
tolerar ou incentivar manobras perigosas em virtude de agendas apressadas.
Até quando continuaremos indiferentes a essa triste e alarmante realidade? Amanhã, a vítima pode ser qualquer um de nós. É urgente repensar o sistema de transporte de passageiros na zona metropolitana de Maputo e Matola. A responsabilidade do Estado de assegurar um transporte público seguro e digno não pode ser delegada a prestadores indisciplinados e irresponsáveis. O silêncio e a indiferença estão a nos custar vidas.
