No decurso das conversas habituais do “Atelier filosófico”,
que este ano têm como tema “Democracia e Separação
de poderes: o ponto de vista da sociologia política”, teve lugar na passada
quarta-feira (10), na Fundação Leite Couto, em Maputo, mais uma sessão presidida
pelo Professor Doutor Lucca Bussati e coordenada pelo Professor e filosofo Severino
Ngoenha.
De acordo com orador, a tentativa de separar a política
das outras esferas, quase que teria surtido efeito no passado, mas foi interrompida
com a ascensão do Capitalismo, que veio colocar a política e economia
praticamente no mesmo caminho, sendo que em países como Moçambique, onde a elite
política é ao mesmo tempo económica, a linha de separação entre estas esferas é
quase invisível, traduzindo-se muitas vezes em conflitos de interesse, que tem
como consequência, má qualidade dos serviços prestados ao cidadão.
A não separação de poderes tem o seu impacto igualmente
no exercício democrático. Desde as eleições de 2004 os pleitos eleitorais têm
sido caracterizados por abstenções significativas, o que levanta sérias questões
sobre a legitimidade dos resultados ou dos eleitos.
Lucca, destacou ainda a cultura política dos partidos
políticos em Moçambique, caracterizados por pensamentos desalinhados a agenda pública,
onde os interesses daquele que manda estão acima do legítimo detentor do poder,
o povo.
O atelier filosófico é um espaço de reflexão e análise de
fenómenos sociais e políticos, em busca de soluções correctivas aos desafios da
sociedade política actual.