Lições de Vida, Amor e Coragem (Richard Stengel)
Originalmente com o título “Mandelas`s way: fifteen
lessons on life, love and courage”, é uma obra literária da autoria do
jornalista e escritor norte-americano Richard Stengel, sobre a vida do primeiro
presidente negro da África de Sul, Nelson Mandela. Tal como o título original
mostra, o livro aborda 15 lições da vida deste ícone mundial.
O autor começa por revelar que Mandela, teve muitos
professores em sua vida, mas o maior de todos foi a prisão. Segundo Stengel, a
prisão ensinou a Mandela o autocontrole, disciplina e foco acima de tudo como
se transformar num ser humano completo. A “escola” acima mencionada, torna
Madiba, maduro, o que para ele significava saber controlar aqueles impulsos
mais juvenis, por exemplo, não ficar bravo sempre que fosse magoado, o que por
si só não implicava saber o que e como fazer, mas sim, possuir a capacidade de
comprimir as emoções e as ansiedades que interferem no modo de ver o mundo como
é.
Para Mandela a coragem, não quer dizer ausência de medo,
porém, habilidade de supera-lo. Segundo sua experiência, a coragem não é inata,
pelo que ninguém nasce corajoso, esta é uma qualidade que se adquire na maneira
como cada um de nós reage a diferentes situações e circunstâncias. É resultado
da mineira como cada um escolhe ser.
Nesta “escola literária”, o autor afirma que Mandela
defende que cada um seja ponderado. Para ele é preciso considerar todas as
opções antes de tomar decisões. É impossível ter perfeito conhecimento de todas
as situações antes de se tomar uma decisão, contudo o exemplo de Nelson Mandela
mostra o valor de se formar um quadro tão completo quanto possível antes de
entrar em acção. A maior parte dos erros que cometeu na vida surgiu por agir
muito rápido, em lugar de muito lentamente e por isso ele dizia: “Não se
apresse”… “pense, analise, então aja”.
Na qualidade de ter sido um líder de referência, a sua concepção
de liderança é de que os líderes não devem apenas liderar, mas serem vistos
liderando, ou seja, estarem disposto a arriscar. E a liderança, não diz
respeito apenas ao colectivo, mas também em relações pessoais, se pode liderar,
bastando estar disposto a falar sempre que se sentir incomodado ou injustiçado.
Liderar é também ter a habilidade de admitir que está errado, mesmo quando
ninguém lhe está apontado o dedo. Liderar é também estar disposto a “desistir”
ou seja, estabelecer o caminho, mas não comandar o navio.
De acordo com Stengel, Mandela não foi o primeiro
prisioneiro político a se tornar presidente de uma nação africana. De fato, ele
era parte de uma tradição africana do século XX. Havia Kenyatta, no Quénia, Nkrumah,
em Gana, Mugabe, no Zimbabwe. O que a África raras vezes experimentou foi um presidente
deixar o cargo voluntariamente – constitucionalmente ou pela vontade do povo. A
maioria deixou horizontalmente ou sob a mira de uma AK-47. O contemporâneo de
Mandela, o presidente Robert Mugabe, do Zimbabwe, ainda está agarrado ao poder,
após ter destruído seu próprio país.
Segundo Richard Stengel, Mandela, nos convida também a
termos um princípio essencial, sendo que durante a sua vida o seu princípio foi
exactamente um: direitos iguais para todos, independentemente de raça, classe
ou género. E possuir um princípio é também estar disposto a conquistar
benefícios menores que os custos.
Madiba, ensina-nos também a apreciar o que há de bom nos
outros. Para ele, quase todo mundo é virtuoso, até prova em contrário. “Se você
começar a se relacionar com as pessoas julgando o que há de bom nelas melhora
as chances do que revelarão o melhor de si”.
Nelson Mandela, concebe a vida como um jogo, mas
demorado. Os 27 anos passados na prisão, ensinaram-lhe a pensar a longo prazo. Quando
jovem, Mandela era impaciente: queria a mudança para ontem. A prisão o ensinou
a ir mais devagar e reforçou seu sentimento de que a pressa com frequência leva
ao erro e ao mau julgamento. Acima de tudo, aprendeu como adiar a gratificação.
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“Mandelas`s way: fifteen lessons on life, love and
courage”, é para mim uma grande aula de vida. Na verdade, considero a vida uma
valiosa escola, contudo, diferentemente da formal, cujas matérias são por imposição,
nesta são por escolha própria. Entretanto, a realidade mostra que escolhas
fáceis, tornam a vida difícil e escolhas difíceis tornam a vida fácil.
Após a ler esta obra, pés embora feliz pelo conhecimento,
confesso que invejei Richard Stengel. Considero a oportunidade que ele teve de
partilhar alguns momentos com Mandela, uma grande honra. Não obstante, também lhe
agradeço profundamente pela partilha das poucas mas significantes lições por
ele tidas com esta figura emblemática, pois revelou seu senso de inteligência,
aliás gente sábia, para além de ser sempre aprendiz, preocupa-se pela partilha
do que sabe.
Quando Mandela diz que a coragem não é inata, cheguei a
conclusão de que na verdade ninguém nasce com valores como paciência,
honestidade, fidelidade, solidariedade, … mas sim as pessoas conquistam e
revelam estas qualidades nas suas acções diárias. Aprendi também, que para além
de escolhas difíceis, uma vida fácil requer foco, ao que Mandela chama de “sua própria
horta”, alguma coisa que mereça 100% de sua atenção que por ela esteja disposto
a ter maiores custos em vez de benefícios. Melhorei meu conhecimento sobre
saber esperar, não no sentido de “dormir na sombra da bananeira” como
vulgarmente se diz, mas se conquistando a paciência, um valor que infelizmente tende
a escassear na actual conjuntura social, caracterizada por uma satisfação fruto
de concorrência e comparação interpessoal.
Mas melhor que isto, só mesmo uma leitura própria e tal
como tenho dito, a leitura é o melhor software para actualizar a nossa mente e
para que sua nunca não fique desactualizada, recomendo que leia esta obra.
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Richard Stengel é jornalista e escritor americano,
actualmente ocupa o cargo de sub-secretário de Estado, no governo de Barack
Obama. Foi colaborador de Nelson Mandela, na sua auto-biografia, no livro “Long
Walk to Freedom”.