Tenho acompanhado atentamente o desenrolar da vida social
em Moçambique e dentre tantos resultados, conclui também que somos uma
sociedade que “critica tudo menos nada”. O surgimento da massa crítica no país
é a primeira vista um ganho, aliás razões para tal não faltam. Registamos nos
últimos tempos um crescimento económico digno de realce, que traz consigo o
alargamento infra-estrutural e de serviços a exemplo da educação que tem contribuído
grandemente para acrescer e melhorar a cultura cívica e intelectual dos moçambicanos.
No entanto, descubro que a “crítica moçambicana” tende a
ser mais destrutiva e naturalmente, menos o contrário, levando consigo uma
carga bastante forte de lamentações e culpa à alheios, o que traz como
consequência o pessimismo. E segundo os teóricos humanistas, o pessimismo
manifesta-se pela associação de pensamentos negativos, que por sua vez
determinam as acções e os respectivos resultados, por meio dos sentimentos. Ou
seja:
(Sentimento bom/mau = Pensamento bom/mau = Acção boa/má =
Resultado bom/mau).
E já agora, como é que tu te sentes? A cada minuto, hora,
dia, etc., da tua vida?
É comum e natural que acções externas tenham influência
directa na forma como nos sentimos. E no caso particular do nosso país, pés
embora o crescimento económico que nos caracteriza, o mesmo ainda não se
traduziu em qualidade de vida para a maioria da população, com registos ainda
de crescentes índices de pobreza urbana (desemprego, falta de habitação, criminalidade,
prostituição, etc.), corrupção só para citar alguns dos problemas, o que
obviamente tem criado frustração e tensão social, deixando as pessoas numa situação
de aparente “luta de todos contra todos”, onde só reinam acusações, ódio, raiva
e vingança.
E porque a culpa é quase que sempre externa e nalgumas
vezes dos que dirigem a sociedade, chega-se a odiar a Política. Porém, a Política
não é uma pessoa ou um grupo é sim uma arte, que surge como um mecanismo para a
satisfação da vida do Homem no colectivo.
Ao escrever este texto, o faço na perspectiva de chamar atenção
sobre a auto-responsabilização. Ou seja, não existe nenhum “Zacarias” nas
nossas vidas. (“Zacarias” é título de uma música que representa um indivíduo a
quem era atribuída a culpa de tudo que de mau acontecia no bairro, desde,
roubos, assaltos, violações, obscenidades, etc.). Como Jack Canfield[1] afirma, cada um é 100% responsável pela sua vida.
“Tu não és vítima, mas sim a principal causa de se sentir
vítima”. A quanto tens avaliado o percurso da tua vida? As questões, acusações,
e soluções que aos outros fazes, alguma vez fez para si memo? Quais são os seus
principais objectivos a curto, médio e longo prazo? Quais sãos seus sonhos? E
quanto as tuas acções diárias e os respectivos resultados, estarão estes em
conexão com os teus objectivos finais?
O que farias se acordasses com um milhão de dólares na
cabeceira da tua cama? Se achares esta pergunta louca, então estou a falar com
a pessoa certa e se não, me encherá de contente saber que alguém está no
caminho certo.
Quital concebermos a vida,
como construção resultante de cada acção nossa no dia-a-dia, até a mais ínfima que
seja! Na verdade a vida é uma bola de experimentos, e portanto com ela fazemos
tudo quanto pretendermos. Quando falava no início do pessimismo, é que para além
deste dirigir negativamente as nossas acções, também limita o nosso poder de abstracção,
os nossos desejos, sonhos e objectivos deixando nos por isso numa aparente posição
de “alegoria da caverna”[2]
onde a vida se resume apenas no que se reflecte nas quatro paredes, levando nos
geralmente a acreditar mais nas nossas limitações do que nas nossas potencialidades.
Entretanto, “só sabe o quão longe se vai, quem realmente
for longe” (Bishop – seriado Fringe), isto é, só arriscando é que poderemos
saber de tudo quanto somos capazes. Mas para tal devemos nos tornar responsáveis
das nossas vidas. Se alguém aceita ser dirigido pelo que os outros pensam da
sua vida é sinal de que pouco se conhece. Independentemente de tão bom ser o
que outro pensa de ti, é crucial ter sua própria avaliação, o que só é possível
se conheceres profundamente os teus “up’s” e “down’s”.
E por que o nosso ideal é único e próprio, é comum e
normal surgirem contradições que se transformam em obstáculos no nosso caminho,
o que leva muita gente a optar pelo mais fácil - desistir. E é por isso que não me canso de apelar a Perseverança
pois, “Tudo aquilo que persistimos em fazer, torna-se mais fácil de realizar,
não pela alteração da sua forma natural, mas pelo aprimoramento da nossa
capacidade em realiza-la”. E no contexto actual em que o mundo tende cada vez
mais a estar interligado devido a globalização, o poder da concorrência tem falado
mais alto, levando as pessoas a fazer das suas vidas uma competição egoísta.
Contudo, uma real vida de sucesso não se faz por competição, mas sim pela diferença,
que por sua vez se encontra na qualidade.
A globalização é mais um dos estágios da evolução da
sociedade política, onde a partilha e comunhão não são apenas locais, alargam-se
para entre comunidades gigantes, cujo objectivo final é o mesmo – a satisfação
do Homem. Imagine um mundo de partilha de diferenças, onde cada um reconhece
que é igual a si mesmo e usa perfeitamente a sua originalidade! O egoísmo para
além de ser um mau sentimento, deixa as pessoas acanhadas até nos momentos em
que precisam de ajuda, e tudo que se ganha na base deste tipo de competição,
por mais longe que vá sempre se auto destrói.